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3 DE MARÇO DE 1989 1675

É com esse sentido e nessa perspectiva que o CDS intervém neste debate.
Assim, começo por lamentar - e faço-o sinceramente - que o Sr. Ministro das Finanças esteja ausente desta Assembleia. Gostaríamos de ver aqui o Sr. Ministro, porque, em primeiro lugar, gostamos de falar olhando para as pessoas, quando se trata de assuntos onde as mesmas são directamente envolvidas, é, em segundo lugar, porque a presença do Sr. Ministro das Finanças neste Hemiciclo seria certamente uma prova de respeito e de consideração pela Assembleia da República, que o CDS gostaria de registara
Todavia, não creio que a sua ausência signifique menos à-vontade em encarar as questões aqui suscitadas ou qualquer receio de responder - pois estou certo que se aqui estivesse o faria - às questões que aqui já foram levantadas.
Este é, sem dúvida, o primeiro lamento de que retiramos uma ilação política.
Um outro aspecto tem a ver com o papel dos órgãos de comunicação social. O CDS não alinha e discorda da visão que foi aqui já dada de que os órgãos de comunicação social foram os culpados pelo facto de o nome de um homem ter sido denegrido.
Entendemos que não foi assim. Em democracia, e em democracia avançada, devemo-nos ir habituando a considerar como factos normais da vida este, tipo de procedimento. Ou seja, em democracia...

Uma voz do PSD: - Avançada?!

O Orador: - Sim, digo avançada, o nome não me repugna, ou seja, quando a rotina dos mecanismos democráticos dá aos órgãos de comunicação social e digo-o com total isenção por, de facto, o terem ...

Uma voz do PSD: - Exclusividade!

O Orador: - Permitem-me que continue?

Vozes do PSD: - Com certeza, Sr. Deputado!

O Orador: - Como dizia, dá aos. órgãos de comunicação social o papel que desempenham.
Um órgão de comunicação social e, posteriormente, vários outros órgãos, publicaram artigos sobre problemas relacionados com opções e com atitudes de um
ministro.
Teriam procedido contrariamente à ética jornalística se não os tivessem publicado. Teriam actuado contra a ética jornalística se calassem aquilo que sabiam.
Seria, obviamente, uma prova de dependência e mal iriam as instituições que; por isso, estes fossem vituperados, quando no fundo estão a cumprir escrupulosamente o seu dever.
Creio que comparar este caso, como já foi aqui aforado, com o do Sá Carneiro é qualquer coisa de espantoso, Srs. Deputados.
Os factos são radicalmente distintos e os processos radicalmente diferentes.

O Sr. Silva Marques (PSD):- Então, explique-nos a distinção.

O Orador: - Vou tentar explicar, Sr. Deputado.
Enquanto no caso do Sr. Primeiro-Ministro Sá Carneiro se tratou, obviamente, em nosso entender, de uma campanha montada, aí sim; pelo Partido Comunista, tentando denegrir a figura do Primeiro-Ministro da Aliança Democrática...

O Sr. Silva Marques (PSD) : - Mas eles invocavam factos ... ... .

O Orador: - ..., no caso vertente trata-se muito simplesmente, de um semanário, que não tem ligação com o Partido Comunista, que levantou um conjuntos de factos de um maneira clara e independente. A seguir, outros semanários, que têm apoiado sistematicamente o Governo - é isso que tem acontecido...

O Sr. Silva Marques; (PSD): - Qual?

O Orador: - O «Expresso», por exemplo não vos tem apoiado permanentemente?

Aplausos do PS e do Deputado Independente João Corregedor da Fonseca.

Como eu estava a dizer, outros semanários levantaram os mesmos problemas...

Protestos do PSD.

Vozes do PSD: - Não, não!

O Orador: - Eu sei que não! A memória é tão curta que já se compara uma figura, como a do Dr. Sá Carneiro, com a do secretário de Estado do Plano do I Governo da Aliança Democrática!

Protestos do PSD.

Os Srs. Deputados podem falar todos ao mesmo tempo que eu calo-me, ficando vocês a falar sozinhos.

O Sr. Vieira Mesquita (PSD): - Ficámos a saber que o «Expresso» apoia o Governo.

O Orador: - Na minha óptica, apoia-o. Basta ler os editoriais do director para verificar que isso é mais do que evidente. A não ser que já não os leiam! ...
Dizia eu que outros semanários, que não têm qualquer conotação com o Partido Comunista, levantaram os mesmos problemas. Por todo o lado esse problema - que não tem rigorosamente a ver com o do Sr. Primeiro-Ministro, Dr. Francisco Sá Carneiro, são matérias completamente diferentes - é levantado. Neste caso, trata-se de uma actividade do Sr. Ministro das Finanças, de uma opção - ele até disse: «Quem não sabe gerir a sua casa, não sabe gerir o Estado», foi ele quem o disse -, questão essa levantada por órgãos da comunicação social.
Com toda a sinceridade, digo que o Sr. Dr. Miguel Cadilhe - e os senhores têm o pleno direito de ficarem zangados, mas é essa a minha opinião e penso que ainda a posso exprimir com a liberdade...

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Nós nunca nos zangamos!

O Orador: - ... - deve estar muito incomodado com o Governo a que pertence, com o primeiro-ministro que tem e, se me permitem, com a vossa intervenção parlamentar neste debate. Passo a explicar também porquê.