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1980 I SÉRIE - NÚMERO 59

0 que pretendo dizer é que, neste fogo cruzado de números, gostava de puxar as coisas um bocadinho mais para baixo. Porém, Sr. Ministro, se for reduzindo o número de agricultores, quando esse número for tendendo para zero, o rendimento dos agricultores, provavelmente, irá tendendo para mais infinito. Deixo-lhe esta observação, para que veja que os números, embora não despreze os números e tenha consideração por aqueles que os manuseiam com rigor, lá muito por cima levam-nos a pouca coisa.
0 Sr. Ministro tem uma preocupação muito grande com os ciclos, com a fase ascendente, com a fase descendente. Gostava de perguntar como é que nessa fase descendente - e estamos a aproximar-nos de outra - se explica que o Champallimaud, o Mello, o Jardim Gonçalves...

Vozes do PSD:- Tenha respeito!

0 Orador: - Respeito?! Por eles? Não tenho nenhum especial!
Como estava a dizer. gostava de perguntar como é que nessa fase descendente - e estamos a aproximar-nos de outra - se explica que o Champallimaud, o Mello, o Jardim Gonçalves estejam a "engolir" milhões e milhões, que o próprio Governo lhes dá, para liquidarem sectores industriais, para produzirem desemprego aos magotes. 15to num ciclo descendente. 0 que fará no ascendente!

0 Sr. Jorge Paulo Cunha (PSD)- - Muito menos!

0 Orador: - Sr. Ministro, queria também referir que o desemprego em Portugal, tendo uma taxa menor do que em Espanha, em França ou noutro país, tem um peso social tremendamente maior, e V. Ex.ª sabe-o perfeitamente. Aliás, o PSD também o sabe, porque agora, de repente, está muito preocupado e vai visitar as centrais, vai dizer que cada desempregado é uma parcela da dignidade humana que fica em causa ...! Todavia, não se preocupou com todos os desempregados que foram provocados por este Governo!
Sr. Ministro, primeiro, o Governo não via desemprego, depois disse que resolvia o problema do desemprego com a formação profissional, depois foi o tempo daquela directiva de Corfu com que Cavaco Silva queria resolver o problema do desemprego, não em Portugal, não na Europa, irias no mundo inteiro, através do artesanato, e, agora, é esta medida que o Sr. Ministro do Emprego e da Segurança Social divulgou há dias, que tem em vista perdoar a comparticipação à segurança social, dar um bónus...

0 Sr. Presidente: - Atenção ao tempo, Sr. Deputado.

0 Orador: - .. para conseguir 50 000 empregos que, aliás, são menos que os que se perderam durante o tempo que levou a fazer este decreto.
Finalmente, nesta base, pergunto como é que explica que o Sr Primeiro-Ministro Cavaco Silva, que não está presente, que não é presidente do PSD, que é só Primeiro-Ministro, tenha dito que o crescimento dos subsídios para os desempregados, quer em quantidade, quer em valor, era irrealista e como é que compatibiliza isso com os negócios do Sr. Champallimaud a 4,5 %.

0 Sr Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças.

0 Sr. Ministro das Finanças: - Sr. Presidente, só para registo, quero informar - e tenho pena que o Sr. Deputado João Cravinho tenha saído - que o Quadro 26 do relatório da OCDE que referi é o deste ano e que ainda não foi publicado. 0 Sr. Deputado João Cravinho não deve ter o quadro deste ano e deve estar a falar de conceitos diferentes. Eu estou a falar de taxas de crescimento da produtividade global e reitero aquilo que disse.
Sr. Deputado Mário Tomé, devo dizer que tive dificuldade em perceber qual era a sua questão. Fala do Champallimaud, do Mello, do Jardim Gonçalves...

0 Sr. Mário Tomé (Indep.): - Que V. Ex.ª nem conhece!...

0 Orador: - Recordo que são empresários. 0 País precisa de empresários, de empresas, que são a célula básica da actividade económica, e sem empresários, sem trabalhadores também, não conseguimos progredir, pois os empresários desempenham uma função económica e social da maior relevância...

0 Sr. Mário Tomé (Indep.): - Os trabalhadores também!

0 Orador: - Assim como os trabalhadores, tal como eu disse.

0 Sr. Mário Tomé (Indep.). - V. Ex.ª pagou ao Mello para ele despedir! Pagou 50 milhões para ele despedir!

0 Orador: - Sr. Deputado, penso que está tudo dito quanto à função dos empresários e não consigo ver na sua intervenção qualquer outra questão, pois limitou-se a fazer uma asserção sobre o desemprego e sobre as medidas em curso e que se destinam a contrariar a tendência de agravamento da taxa de desemprego e a reforçar a criação líquida de postos de trabalho, questão à qual já respondi anteriormente.

0 Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.

0 Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Sr. Presidente, Sr. Ministro das Finanças, falou da pretensa crise social, mas o que é facto é que não nos deu nenhuma informação que desmentisse a análise que fazemos sobre a evolução da pobreza nos últimos quatro anos ou sobre a evolução do desemprego.
Chamo a atenção do Sr. Ministro das Finanças para o facto de o desemprego, em sentido lato, ser hoje da ordem das 480 000 pessoas, estando ao mesmo nível do que estava nos piores momentos da crise económica e social existente na primeira metade dos anos 80. E chamo também a atenção para os postos de trabalho que o Sr. Ministro Eduardo Catroga diz que foram criados, em termos líquidos, serem postos de trabalho, na maior parte dos casos, extremamente degradados, nomeadamente há trabalhadores por conta de outrem que estatisticamente são colocados como trabalhadores por conta própria e como trabalhadores familiares não remunerados, o que leva ao absurdo de, por exemplo, terem crescido os activos na agricultura.
0 Sr. Ministro devia, pois, falar com os interlocutores, com os parceiros sociais para saber se há ou não crise social. Talvez o PSD, que esteve com eles ontem - agora descobriu o caminho para a Vítor Cordon e para a Buenos Aires - possa dar-lhe uma informação a esse respeito.
Fale também com os trabalhadores, Sr. Ministro!
Em relação à mudança estrutural, Sr. Ministro, de facto seria bom que ela tivesse existido. 0 problema é que no