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27 DE FEVEREIRO DE 1997 1607

O Sr. Macário Correia (PSD): - Sr. Presidente e Srs. Deputados que a esta hora persistem, com dedicação, nos trabalhos -...

O Sr. António Braga (PS): - E sem fumar!

O Orador: - ... exactamente, com um comportamento saudável! -, quero dizer que estou perplexo com este agendamento. Contudo, estou aqui porque é o meu dever de respeito à Conferência dos Representantes dos Grupos Parlamentares, é o meu dever de respeito ao Presidente e à Mesa...

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - E aos outros grupos parlamentares!

O Orador: - ... e a alguns dos outros grupos parlamentares, que estão aqui também com a mesma consideração e o mesmo respeito.

O Sr. António Filipe (PCP): - E aos eleitores?!

O Orador: - Mas estou perplexo com a atitude do Grupo Parlamentar de Os Verdes, a qual não percebi.

O Sr. José Calçada (PCP)-. - Lá vamos ter de explicar!

O Orador: - E não percebi, porque considero ser uma atitude anti-ecológica, por várias razões.
Em primeiro lugar, porque existe uma deliberação desta Assembleia da República, aprovada há cinco anos, que diz exactamente o mesmo - repito, exactamente o mesmo que hoje vêm aqui propor.

O Sr. José Calçada (PCP): - Não é verdade! Não diz exactamente o mesmo!

O Orador: - Cinco anos depois, os partidos representados na CDU que tiveram assento, ao longo destes cinco anos, em todas as reuniões do Conselho de Administração, através de dois votos, de dois proponentes, de duas presenças, vêm aqui sancionar os seus próprios representantes pelas decisões que, ao longo de cinco anos, não tomaram e estavam mandatados pelo Plenário para o fazer!
Em segundo lugar, é uma atitude anti-ecológica porque nos faz gastar papel, aos serviços, através, nomeadamente, do Boletim Informativo, aos que - vários - escreveram intervenções para aqui produzir! Portanto, alegando uma atitude ecológica em relação ao consumo de papel, foi tomada uma atitude anti-ecológica fomentando o consumo de papel não reciclado pelo facto de o Conselho de Administração não ter tomado a atitude que deveria ter tomado, no cumprimento das normas aqui deliberadas.
Por outro lado, é uma atitude de alguma deselegância para com o próprio Presidente e para com os demais membros do Conselho de Administração, que são, de algum modo, chocados ou até vexados com este agendamento, tendo de receber recados pelo Plenário quando gostariam muito mais que, de uma forma franca e leal, os seus pares no próprio Conselho...

O Sr. José Calçada (PCP): - O Plenário não é franco e leal?

O Orador: - ... lhes dissessem: há aqui uma deliberação e temos de cumpri-la.
É, pois, uma atitude que, para mim, é vista com perplexidade, na medida em que, vendo a questão deste modo, não percebo a razão de ser deste agendamento. A menos que se trate de qualquer tentativa de reescrever a História e também de ficar na História, que é uma coisa em que, por vezes, em política, com o entusiasmo próprio que cada um de nós, às vezes, tem, se derrapa e não se repara que se está a fazer aquilo a que se chama «chover no molhado»!

O Sr. António Filipe (PCP): - Isso é para ficar para a História?!

O Orador: - De maneira que, sendo franco e honesto, conforme alguns Srs. Deputados propalam, entendo que a Assembleia da República tem os mecanismos decisórios adequados para pôr em prática o comportamento que este agendamento pressupõe, e nesta sessão legislativa é a segunda vez que estamos a bastar papel não reciclado para discutir o mesmo assunto. E que há poucos dias atrás, por iniciativa de colegas do Partido Socialista, que se encontram presentes, discutimos exactamente o mesmo assunto, nestes mesmos lugares, com os mesmos protagonistas. Mais uma vez, gastámos papel! Mas eu, nesse dia, a título de exemplo e para tentar propalar os bons comportamentos, tive o prazer de oferecer um caderno de papel reciclado, pago do meu bolso, a cada um dos Srs. Secretários e ao Sr. Presidente em exercício nessa sessão. Foi um contributo para fazer aquilo que o Conselho de Administração devia ter feito: facultar papel reciclado. O Conselho de Administração não o fez, mas eu fi-lo! E estou disposto, em próximas sessões, a facultar ao Sr. Presidente e aos Srs. Secretários da Mesa papel reciclado, se, entretanto, o Conselho de Administração não cumprir esta tarefa!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Isso é que já devia ter feito há mais tempo!

O Orador: - E mais: sem pedir verbas ao meu grupo parlamentar, estou disposto a facultar papel reciclado para, nas próximas reuniões do Conselho de Administração, ser tomada esta decisão sobre a reciclagem de papel.

Protestos do PCP e de Os Verdes.

Por último, convido as Sr.- Deputadas de Os Verdes a, na próxima reunião do Conselho de Administração, distribuírem papel reciclado aos demais colegas e sugerirem que não volte a ser agendado este assunto em Plenário, porque é um desrespeito para com os demais partidos, para com todos os Deputados.

O Sr. José Calçada (PCP): - Agendar este assunto em Plenário é um desrespeito?!

O Orador: - Os portugueses não compreenderão que nós, que somos exemplares na eficácia, na condução das coisas, na tomada de decisões, estejamos a reagendar sistematicamente a mesma matéria. Os portugueses não compreenderão, perante tão graves assuntos que há para resolver em Portugal, que discutamos ciclicamente a reciclagem de papel sem reciclar o papel, o que é um contra-senso e é pôr em causa a nossa própria ética e o nosso comportamento. Não quero gastar mais papel, neste caso!