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15 DE ABRIL DE 1999 2585

Era um homem de causas no sentido da justiça, creio que era verdadeiramente um democrata-cristão com profundo sentido de justiça social, capaz de abraçar espontaneamente uma causa. Abraçou com paixão a causa de Timor, deu-lhe o melhor do seu esforço.
Como Presidente da Câmara de Lisboa, muitas vezes discordámos das suas opções, mas ora inegável que ele amava a cidade e sabia falar ao povo da cidade. E também foi inegável que ele soube estabelecer um outro tipo de relações entre Lisboa e as novas capitais dos países africanos de língua oficial portuguesa, porque ele tinha o sentido de um Portugal que vai para além de si próprio.
E, por isso, estamos de luto e estamos tristes e cada um de nós, de certa maneira, porque, mesmo aqueles que por vezes contra as suas ideias combateram e dele discordaram, todos nós perdemos um companheiro, todos nós perdemos, no sentido em que se diz na tropa, «um camarada» desta Casa, todos nós perdemos um amigo.
Ele foi uma figura desta Democracia! Foi uma figura da Assembleia da República! Penso que a nossa Democracia lhe deve, pelo menos, a paixão porque a política e a causa pública devem servir-se com paixão. Ele era um homem de coração, era um homem de paixão, era um homem de causas e Portugal, os países e os povos precisam de homens que estejam assim na vida pública e na vida política e que nem, às vezes, se sabem defender. Nesse sentido temos uma dívida para com eles. Ele fica na nossa saudade!
Ao Grupo Parlamentar do CDS-PP, à sua mulher e a toda a sua família apresento as mais sentidas condolências do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, que, no seu conjunto, perdeu um amigo.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Amaral.

O Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, é com profunda emoção que tomo a palavra nesta evocação e homenagem ao Eng.º krus Abecasis a que o Grupo Parlamentar do PCP se quer associar expressamente.
O Eng.º Krus Abecasis deixa muitas saudades nesta Casa, entre os seus amigos, entre todos os que tiveram privilégio de com ele conviver. Conheci o Eng.º Abecasis sempre como um homem frontal, transparente, uma personalidade de referência. A estas características ele juntava um coração aberto que distribuía generosamente e, sem reserva nem preconceitos, muita e muita amizade!
Há uma forma de estar na vida que o Eng.º Abecasis cultivava em que nem as divergências por mais profundas, nem as discussões por mais acaloradas apagam o que é essencial, que é o relacionamento humano e a sua insubstituível riqueza.
O Eng.º Krus Abecasis foi ao longo da sua vida, depois do 25 de Abril, uma figura intensamente dedicada ao serviço público, no governo, na Câmara Municipal de Lisboa, aqui, na Assembleia.
Compartilhei com ele o cargo de membro da Assembleia Municipal de Lisboa, depois da sua saída de presidente da câmara. Aí sempre usou da palavra, com a grande militância pela cidade que o caracterizava. Quando saiu da assembleia municipal todos vimos a mágoa que sentiu em ter de quebrar essa relação institucional com Lisboa, que compensava com o intenso trabalho que desenvolvia como Presidente da Fundação Cidade de Lisboa.
Recordamos o Vice-Presidente desta Assembleia como um homem de causas como sublinhou o Manuel Alegre. Dedicava agora o melhor do seu esforço à defesa da cooperação com os países lusófonos, à defesa e afirmação da língua portuguesa e à causa de Timor Leste que constituía uma permanente preocupação.
O Eng.º Abecasis expressava na sua identidade própria de cristão e democrata o pensamento da democracia cristã que, frequentemente, invocava de forma coerente.
Ao CDS-PP em nome do grupo Parlamentar do PCP, apresento a expressão das nossa sentidas condolências por esta perda que sabemos que para todos nós, mas para vós também, irreparável. À família enlutada, apresentamos sentidos pêsames nesta hora de profunda dor quê atravessa.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Eng.º Krus Abecasis faz-nos falta e deixa-nos uma saudade que aqui testemunho de forma pessoal e em nome da bancada do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Mota Amaral.

O Sr. Mota Amaral (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Sr.ªs e Srs. Deputados: Falo em nome do Grupo Parlamentar do PSD, mas também em nome pessoal e num estado de profunda consternação. Fui ver, há poucos dias, Nuno Abecasis ao hospital e retenho dele a imagem de um homem vigoroso que até parecia ter rejuvenescido em árduo combate contra a morte.
Atendia-o carinhosamente a sua mulher e companheira de toda a vida, a mãe dos seus filhos. A ela e a estes quero, em nome do PSD, dirigir uma palavra muito cordial de pêsames pelo passamento de seu marido e pai.
Nuno Abecasis abraçou de alma e coração a actividade política, mas chegou à política com uma vida profissional brilhante, que lhe deu créditos para a sua presença em serviço público na defesa dos interesses da colectividade.
Era, como já aqui foi sublinhado por todos os oradores que me antecederam, um homem de causas. O seu envolvimento no poder local democrático, como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, deixou rasto; não se limitou ao dia-a-dia da gestão municipal, que fortaleceu, aliás, com uma presença constante junto da população, especialmente das zonas mais desfavorecidas da cidade, onde, aparentemente, por paradoxo, encontrava excelente acolhimento.
Projectou a sua actividade como autarca mediante uma participação activa no plano externo, captando bem essa dimensão essencial de qualquer função do Estado que não se limita nunca às fronteiras do País.
No Conselho da Europa, quando eu era Presidente do Governo da Região Autónoma dos Açores, tive ocasião de colaborar com Nuno Abecasis, ambos como membros da delegação portuguesa ao Congresso Permanente dos Poderes Locais e Regionais. Ficámos, desde então, bons amigos.
Especialmente notável foi a iniciativa do lançamento da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa. A lusofonia foi sempre uma das paixões de Nuno Abecasis e nela via a projecção da dimensão de Portugal.
Daí passou, já após o seu regresso ao Parlamento, à grande causa de Timor Leste e do seu heróico povo martirizado. Aliás, foi exactamente a causa do povo de Timor Leste que o fez regressar ao Parlamento, nestes últimos tempos, depois de um período de afastamento.