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2586 I SÉRIE - NÚMERO 71

A generosidade com que participou e, a partir de certa altura, liderou os trabalhos da Comissão Eventual para Acompanhamento da Situação em Timor Leste foi, de certo, fundamental para o sucesso da missão dela.
Como Vice-Presidente da Assembleia da República proeurou sempre prestigiar o Parlamento. Todos temos, perante nós, o seu exemplo. Guardaremos dele uma recordação que não se apaga.
Hoje, como muito bem disse Manuel Alegre, todos estamos tristes, pesarosos: morreu-nos um amigo! Para todos os que entravam pela porta do Hemiciclo situada à direita da cátedra presidencial, era ele sempre quem nos dava a primeira saudação amiga. Lembraremos sempre o seu sorriso, a sua bonomia, o seu bom humor.
Uma personalidade tão rica como a de Nuno Abecasis não é fácil .esquecer. Esta homenagem sentida, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, termina com as condolências que vão, aliás, e antes de mais, para a própria Assembleia da República, privada de um dos seus elementos mais ilustres, e para o Grupo Parlamentar do CDS-PP, partido no qual militou desde a primeira hora.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Srs. Deputados: Quero, em primeiro lugar, em nome do Partido Ecologista Os Verdes, dirigir as mais sentidas condolências pela morte do Engenheiro Nuno Abecasis, quer à família agora enlutada, quer ao Partido Popular e, naturalmente, ao grupo parlamentar do qual fazia parte.
Do que tive o privilégio de conhecer do Engenheiro Nuno Abecasis, como Deputado, gostaria de destacar a demonstração, sempre vincada e grande, da preocupação em relação às questões ambientais que, para ele, tinham uma dimensão, de facto, muito significativa. Gostaria de destacar, também, do Engenheiro Nuno Abecasis, como Deputado, o facto de ter dado grande dedicação à questão de Timor Leste, tendo presidido e dinamizado a Comissão para Acompanhamento da Situação em Timor Leste.
O Engenheiro Nuno Abecasis foi também interveniente sobre as questões do distrito pelo qual foi eleito, Setúbal, não esquecendo alguns dos profundos problemas que afectam, verdadeiramente, este distrito.
Como pessoa, e é esta, de facto, a dimensão mais importante, porque é ela que determina tudo aquilo que somos na vida, o Engenheiro Nuno Abecasis era atento, curioso, conhecedor em todas as matérias e em cada matéria. Era afável, de uma simpatia extrema e tinha uma característica muito própria: dava ânimo àqueles que, divergindo dele, partilhavam com ele o dia-a-dia da vida parlamentar.
Só tenho pena, de facto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, de que este meu regresso à vida parlamentar coincida com a perda de um grande homem, de um homem sério, uma perda tão significativa no conjunto da pluralidade dos Deputados eleitos; pena de não poder continuar a assistir e a partilhar a grande dedicação do Engenheiro Nuno Abecasis.
Um amigo deixa, de facto, grandes saudades.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares (António Costa): - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Quero, em nome do Governo, transmitir ao Grupo Parlamentar do CDS--PP, à Assembleia da República e, por intermédio desta, à família enlutada as condolências do Governo pelo falecimento do Engenheiro Nuno Abecasis.
Tive o privilégio de conhecer o Engenheiro Abecasis quando ele era Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e eu um jovem deputado municipal. Desde então, pudemos estabelecer uma relação calorosa, de grande simpatia mútua, que guardo com profunda emoção e recordação pessoal.
O Engenheiro Abecasis, como todos já recordámos, foi um grande autarca. Tinha uma visão da cidade de Lisboa, pela qual se bateu, e conseguiu deixar marcas indeléveis na cidade de que foi presidente da câmara durante uma década.
Era um homem de causas: era o homem da causa de Timor, que vivia com paixão.
Também era um homem que teve a visão pioneira sobre o espaço da lusofonia, e a sua ideia e o seu empenho foram determinantes para a criação da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, que é, indiscutivelmente, uma obra sua e uma obra com a dimensão para assinalar a vida do Engenheiro Nuno Abecasis.
Mas o Engenheiro Nuno Abecasis era, sobretudo, uma pessoa com uma extraordinária proximidade com os outros, proximidade com os outros que afirmava na relação quase paternal que tinha com o cidadão de Lisboa, em especial com os mais humildes. Recordo, sobretudo, a forma carinhosa como a todos nos tratava por tu, e a todos obrigava a tratá-lo por tu.
Sr. Presidente e Sr.ªs e Srs. Deputados: Este é um daqueles momentos em que tenho pena de não estar a exercer o meu mandato parlamentar para, também com o meu voto, me poder associar à aprovação do voto de pesar proposto pelo Sr. Deputado Luís Queiró.

O Sr. Presidente: - Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Srs. Deputados, também estou profundamente triste, porque já não estou em idade de admirar muitos homens. Admirei muitos no passado, fui perdendo as ilusões... Mas eu admirava, sinceramente, o Engenheiro Nuno Abecasis. Havia, entre nós, uma cumplicidade na amizade.
Temos ideias diferentes ern muitos aspectos, mas grandes coincidências em matéria de convicção e de ideais. Ambos cristãos por formação, ele religioso e eu agnóstico, muitas vezes me procurava puxar para a sua fé, convicto de que eu teria condições para, mais tarde ou mais cedo, aderir a essa mesma fé.
Era um homem de uma bondade excepcional, de uma bonomia confuciana, alegre, rotunda. Sempre o vi a pleitear pelas boas causas, sempre!
Era o mais africano dos europeus que conheço.
Sentia, como já aqui foi destacado, sincera e comovidamente, o problema dos nossos, ainda hoje, compatriotas de Timor. Viveu intensamente a causa de Timor. E onde estivesse uma boa causa estava o Engenheiro Nuno Abecasis.
Era ouvido em silêncio e com respeito nesta Assembleia. Foi um grande Deputado, um grande autarca e membro de um governo de que fiz parte.
Era um ser excepcional, pelo seu carácter, pela sua formação, pela sua maneira de ser. Estabeleceu-se, de facto, entre nós, quase pôr acaso, uma instintiva e forte simpatia, e são