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3937 | I Série - Número 072 | 02 de Abril de 2004

 

Como sabem, sou português, como todos os membros do Executivo. Quero o melhor para o meu país na afirmação desta mais-valia, que não existe.
Foi dela que falaram os nossos maiores poetas, que são os verdadeiros intérpretes do que nos vai na alma. Não nos iludamos. Eles valem mais que todos os tratados sobre números, que não nos explicam o que somos, nem os caminhos para onde vamos.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Muito bem!

O Orador: - E a propósito de um deles, direi: sinceramente, não vou por onde me querem levar!

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra, penso que é fundamental deixar claro neste debate quem é que de facto está a mentir. Porque a Sr.ª Ministra, ainda há pouco, quando referiu que eu sabia perfeitamente que a questão das armas de destruição em massa não tinha sido o argumento para a guerra do Iraque, disse no fundo que eu estava a mentir.
Pois eu reafirmo que este foi o argumento e faço-o sustentando-me numa acta do Diário da Assembleia da República, que passo a ler, citando algumas afirmações do Sr. Primeiro-Ministro: "E a verdade, nua e crua, é esta: a paz passa pelo desarmamento do Iraque. Esta é a vontade unânime da comunidade internacional: o desarmamento do Iraque". Mais à frente, dizia: "Desarmar o Iraque é um objectivo essencial (…)". Referia, ainda, o Sr. Primeiro-Ministro: "Ao longo dos meses, fui sempre claro e coerente: o objectivo era desarmar o Iraque, o meio privilegiado era o quadro das Nações Unidas (…)". Mais: "Mantenho, hoje, e aqui solenemente reafirmo, no momento da decisão, o que sempre afirmei: Portugal não vai declarar guerra ao Iraque; Portugal não vai enviar tropas para o Iraque (…)".
Afinal, Sr.ª Ministra, percebe agora quem é que mentiu? Sejam consequentes: retirem as tropas da GNR do Iraque. Admitam o vosso erro, admitam as vossas falsidades e sejam consequentes com a verdade!

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Srs. Deputados, vamos iniciar a fase de encerramento do debate.
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alda Sousa.

A Sr.ª Alda Sousa (BE): - Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Chegámos ao fim deste debate e desde já quero dizer que o Governo perdeu uma excelente oportunidade de se afastar do eixo da mentira.
O exercício da humildade é uma componente fundamental da democracia e o mínimo que se poderia exigir era que a Sr.ª Ministra, que aqui representa o Governo, dissesse aos portugueses: "Enganámo-nos. Acreditámos em relatórios de espionagem que demonstraram estar completamente errados. Apoiámos uma intervenção militar que foi injusta, que nada tinha a ver com o combate ao terrorismo, que teve como consequências o massacre de mais de 10 000 inocentes iraquianos e o aumento do terrorismo em todo o mundo."
Mas não! O que a Sr.ª Ministra veio aqui fazer foi um exercício de ilusionismo. Veio dizer-nos que não, que nunca o apoio de Portugal à guerra foi motivado pelas armas de destruição maciça.
Já ficou mais do que provado durante este debate que isso não é verdade, que o Primeiro-Ministro disse que viu com os seus próprios olhos o relatório que supostamente provava a existência das armas de destruição maciça, o tal relatório grotesco dos "45 minutos", que continua aqui à disposição de quem o quiser consultar.
O Primeiro-Ministro repetiu, vezes sem conta, que essa é que era a questão. Mas é sempre assim: quando se entra na espiral da mentira, é difícil sair dela.
Nunca a Sr.ª Ministra ouviu nem ouvirá de nós qualquer palavra a favor do sanguinário ditador Saddam Hussein. Pelo contrário, o que ouviu e o que ouvirá, há muito tempo e antes de muitos, é a condenação. E volto a lembrar-lhe, Sr.ª Ministra, que foi um governo PSD que vendeu armas para este senhor, quando ele governava com punho de ferro o destino dos iraquianos e os mandava para a morte numa guerra insana com o Irão. Foi o governo de que na altura fazia parte o Dr. Durão Barroso.
Diz a Sr.ª Ministra que a ocupação do Iraque foi um passo indispensável na luta contra o terrorismo. Vou dar-lhe só um dado: dos 19 autores do atentado do 11 de Setembro, 15 eram sauditas. Nenhum era