7 | I Série - Número: 068 | 4 de Abril de 2007
O Orador: — A verdade é que este Governo tem por estratégia a propaganda e como arma a pressão sobre as redacções dos órgãos de comunicação social.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Como em tudo na vida, por muito que se esconda a verdade — uma, duas, várias vezes —, ela vem sempre ao de cima. É como o azeite. O que é preciso é manter a linha de rumo e a defesa das nossas convicções, porque mais tarde ou mais cedo — neste caso, bem mais cedo do que tarde — acaba por ficar claro quem está a dizer a verdade e quem assume estilos de actuação eticamente reprováveis, esses, sim, indignos da sociedade democrática em que queremos viver.
O Sr. Horácio Antunes (PS): — Isso era antigamente!
O Orador: — Neste último fim-de-semana, um jornal de referência «libertou-se da teia» e teve a coragem de dar conta daquilo que todos sabemos: o irresistível e irreprimível impulso do Primeiro-Ministro em controlar os media.
Vozes do PS: — Ohhh!…
O Orador: — Os exemplos dessa fúria «controleira» são bem significativos: é o Director de Informação da Rádio Renascença que assume que — e cito — «lhe ligaram várias vezes, para mim e para a redacção, a protestarem» por causa de uma notícia, pressão essa que terminou com uma ameaça de processo em tribunal.»
Vozes do PSD: — Uma vergonha!
Protestos do Deputado do PS Horácio Antunes.
O Orador: — Depois, foi a vez do Director da SIC-Notícias, a dizer que foi o próprio Primeiro-Ministro que ligou directamente «furibundo». Aliás, a propósito da investigação jornalística sobre a licenciatura do Primeiro-Ministro, o Director da SIC-Notícias confirma, «preto no branco», que «houve logo telefonemas em que se dizia que aquilo era um não-assunto»… Portanto, ordem para abafar!! Desta vez, sem margem para mentir ou para branquear, todos ficámos a saber que os assessores do Gabinete do Primeiro-Ministro ligam para as redacções,…
Protestos do PS.
… não apenas com o propósito de «pôr um laço bonito» nos anúncios governamentais, mas, de forma inconcebível e sem qualquer vergonha, chegam ao ponto de classificar o que é notícia e o que é não notícia, à boa moda da censura do regime de antes do 25 de Abril.
Aplausos do PSD.
Protestos do PS.
Como diz um director de um outro jornal de referência, e ao contrário do que o Governo e maioria socialista pretendem fazer crer, a verdade é que — e cito — «o telefone toca muitas vezes nas redacções e isso parece pesar em muitas escolhas editoriais».
A situação que, hoje, vivemos é já bem diferente daquela que, há meses atrás e, depois, de forma continuada e sustentada, temos vindo a denunciar. Já não se trata apenas da questão, já de si muito grave, de governamentalizar os serviços de informação e de programas da RTP. Há, agora, um salto qualitativo na actuação do Governo e da sua central de comunicação: devido aos problemas que o Governo tem criado junto dos portugueses, em virtude das políticas erradas que tem assumido e devido à crescente contestação popular, agora, o modo de actuação junto dos órgãos de comunicação social está a endurecer. As ameaças, as tentativas grosseiras de manipulação, a compra de silêncios cúmplices é o traço marcante da actuação do Governo!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!
O Orador: — É óbvio que os profissionais de comunicação social, na sua maioria, procuram ser imunes a este tipo de pressões. O problema é que, na forma tentada, o Governo, com todo o descaramento