57 | I Série - Número: 017 | 7 de Novembro de 2008
económico nem o crescimento do emprego se decretam. Mas o problema é que, já em Fevereiro de 2005, era muito claro que, mesmo sem crise, que, nessa altura, não se vislumbrava no horizonte, Portugal não reuniria, até 2009, condições para atingir aqueles registos. Mesmo se as políticas económicas seguidas desde então tivessem sido as acertadas e necessárias — e não foram! —, isso não iria acontecer,»
O Sr. Luís Campos Ferreira (PSD): — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — » porque combater as nossas debilidades estruturais demora tempo até produzir efeitos, efeitos que não se conseguem numa legislatura.
Tudo isto era conhecido em 2005, mas, mesmo assim, o Partido Socialista decidiu prometer o impossível.
Aplausos do PSD.
Desculpa-se agora com a crise para não alcançar o que prometeu. Isso não é sério! Basta observar que, mesmo com a crise que afecta a economia global, o nosso crescimento económico situa-se abaixo da média europeia e sem crise, nos anos anteriores, isso também aconteceu. Não por acaso, mas por políticas erradas do Governo.
Claro que a crise internacional aparece agora como uma bóia de salvação, mas é um álibi que tem tanto de falsidade como de pouca seriedade.
Aplausos do PSD.
Mas se a cultura do logro marcou a vossa campanha eleitoral de 2005, poucos meses depois estreou-se este Governo em termos orçamentais com o Orçamento Rectificativo para 2005, que foi nem mais nem menos do que o princípio da grande mentira orçamental que iria ser esta legislatura.
Aplausos do PSD.
Quem não se lembra do pretenso défice de 6,83%, transformado por artes mágicas em 6,1% poucos meses depois?! Uma verdadeira farsa.
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — É verdade!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Ora, um Governo que inicia uma legislatura desta forma politicamente desonesta nunca a poderia, portanto, acabar de forma diferente.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — E por isso não é estranho que o Orçamento para 2009 seja aquilo que é: um documento nada rigoroso e que configura e confirma toda uma legislatura perdida em termos orçamentais. Mas — e isto é que é muito grave — tenta esconder descaradamente dos portugueses esta realidade.
Na verdade, graças a uma alteração metodológica decidida pelo Governo no que diz respeito ao registo das contribuições dos funcionários públicos para a Caixa Geral de Aposentações em 2009, os valores das rubricas «contribuições sociais» e «despesa com o pessoal» e os agregados «receita corrente», «receita total», «despesa corrente», «despesa corrente primária», «despesa total» e «despesa primária» alteram-se significativamente E, para os tornar comparáveis com os dos anos anteriores, é preciso acrescentar a cada um destes indicadores — pasme-se, Srs. Deputados! — cerca de 2 913 milhões de euros, ou seja, 1,7% do PIB.
Como esta alteração afecta uma rubrica das receitas e outra das despesas, o valor global do défice não é alterado, mas a sua composição é significativamente diferente.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Não é! Eu ensino-o a fazer as contas!