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8 | I Série - Número: 028 | 19 de Dezembro de 2008

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. Fernando Rosas (BE): — Sempre em nome do que o Governo define como «riqueza colectiva a explorar», é só esperar o dia em que um ministro da cultura com mais jeito para o negócio — e isto é teoricamente possível ao abrigo desta lei — se lembre de entregar a Torre de Belém a uma discoteca, os claustros dos Jerónimos para uma empresa fazer a exposição do último padrão dos seus cortinados, o mosteiro de Alcobaça, como um publicista há dias sugeria, para um hotel de charme e o Palácio da Ajuda, onde jaz um ministério falido e politicamente moribundo, a uma qualquer consultadoria de negócios privados.

Aplausos do PS.

Argumentará o Governo, e a bancada que o suporta, que os exemplos são disparatados e que ninguém de bom senso se lembrará de tal ultraje à memória colectiva. Talvez, mas, Sr.as e Srs. Deputados, as leis não devem ser redigidas a pensar no bom senso de quem as aplica, mas nas possibilidades que entreabrem, nomeadamente a quem não tem bom senso. E essas, «preto no branco», são aquelas que aqui avançámos, sem sombra de dúvida.
Se todo o texto é claro nas possibilidades de rentabilização económica proporcionadas pela alienação do património público, não deixa de ser merecedor da maior preocupação que a gestão do seu estatuto seja confiada a um ministério, como o da Cultura, cujo próprio Ministro reconhece estar falido depois de sucessivos anos de desinvestimento e má gestão dos seus antecessores, como foi o caso do actual Ministro Augusto Santos Silva.
De acordo com o programa que o Partido Socialista levou a votos, o actual Governo propunha no seu Programa «retirar o sector da cultura da asfixia financeira em que três anos de governação à direita o colocaram» e «reafirmar o sector como prioridade na afectação dos recursos disponíveis. Neste sentido, a meta de 1% do Orçamento do Estado dedicada à despesa cultural continua a servir-nos de referência de médio prazo.» Isto é de fazer rir! Com o PS, o orçamento para a cultura não subiu; desceu, e desceu muito! Não só nunca chegou a 1% do Produto, de que falava o programa eleitoral, como passou de 0,7 para 0,2%! Para quem ia investir na cultura, o seu orçamento é hoje três vezes menor do que há três anos e não representa mais do que 20% do valor que o PS prometeu aos eleitores.

O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Fernando Rosas (BE): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Apesar da forte concorrência, poucas promessas do Governo se revelaram mais falaciosas que a do reforço do investimento na cultura.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Esta proposta de lei há-de ser esquecida antes de acabar a sua discussão pública. O Governo tem de ouvir as vozes, as organizações e as personalidades que, de todos os quadrantes, se têm insurgido contra este projecto, que é um projecto contra o património, contra a memória e, já agora, contra a dignidade do País.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.

O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Rosas, a questão que aqui traz hoje a Plenário — e por isso o felicito — faz-me lembrar uma pequena história relacionada também com o Parlamento.
Há uns anos atrás, um Deputado do Partido Socialista — mas isso não vem ao caso —, que já não é Deputado há muitos anos, foi motivo de chacota pública, porque um jornal regional, no «dia das mentiras», ou seja, no dia 1 de Abril, publicou uma notícia, segundo a qual a janela da Sala do Capítulo do Convento de