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50 | I Série - Número: 067 | 16 de Abril de 2009

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rosas.

O Sr. Fernando Rosas (BE): — Sr. Presidente, gostava de fazer um comentário sobre a questão do papel do nosso Parlamento em matéria de decisão sobre envolvimento de forças militares portuguesas em teatros de guerra no estrangeiro.
Admito — aliás, tenho mesmo de admitir — que, acerca da justeza ou da oportunidade de envolver tropas portuguesas em teatros de guerra no estrangeiro, possam e devam — é natural — existir no Parlamento as mais diversas opiniões e pontos de vista que defendem essa legitimidade e pontos de vista que estão contra.
O que me custa entender é que, numa decisão sobre fazer a guerra no estrangeiro — que é do que se trata no Afeganistão — , envolvendo homens, material e despesa e também aspectos essenciais da nossa política externa, se possa aceitar que o Parlamento possa não ter lugar nenhum, a não ser o que a lei actualmente lhe confere, ou seja, o de ser informado a posteriori, através da Comissão de Defesa, do que é que se passa, mas informado de acordo com os critérios do informante, que é o Governo. Podemos discutir o papel que a Assembleia da República tenha — autorização prévia, aconselhamento, acompanhamento político — , mas, seja qual for, o facto de não desempenhar, neste momento, no nosso sistema, nenhum papel na formação da decisão nesta matéria parece-me extraordinário, designadamente que essa situação, até agora, se tenha passado perante a demissão por parte do próprio Parlamento.
Nesse sentido, independentemente das opiniões sobre a matéria — e, naturalmente, haverá opiniões muito diferentes — , convidaremos todas as bancadas para uma reflexão séria sobre qual o papel do Parlamento quando se trate de envolver forças militares portuguesas em teatros de guerra. Não estou a falar de operações militares corriqueiras mas, sim, de envolvimento de tropas portuguesas no Iraque, no Afeganistão e noutros teatros de guerra.
Penso que isso é absolutamente urgente e que está na altura de a Assembleia o fazer, seja o que for que cada um de nós pensa sobre o mérito da causa de se atribuir algum papel ao Parlamento, e um papel importante, na formação da decisão sobre esta matéria.
Assim, com espírito aberto e no sentido de tentar chegar a uma redefinição de um papel digno para o Parlamento, apresentaremos uma iniciativa que, manifestamente, visa colmatar uma brecha: a da total ausência do Parlamento numa matéria no domínio da qual, mais do que em muitas outras, o Parlamento, pelo menos, haja de ser escutado.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: De boas intenções está o Governo e o Inferno cheio! Depois de o Sr. Primeiro-Ministro considerar a Qimonda como uma empresa modelo, exemplar no panorama nacional, depois de várias visitas e sessões de propaganda em volta desta empresa, depois de milhões e milhões de euros de apoios, depois dos 150 milhões de euros da Qimonda-Portugal que voaram para a Alemanha, o Governo assiste ao desmantelamento desta empresa sem que se perceba uma acção concreta que seja para garantir o seu futuro e o dos cerca de 1700 postos de trabalho que estão em causa.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Face às notícias do início do processo de insolvência na empresa, o inenarrável Ministro da Economia, Manuel Pinho, disse que o Governo tudo iria fazer para recuperar os incentivos concedidos, assumindo, assim, que mais nada havia a fazer. Na prática, o Sr. Ministro «atirou a toalha ao chão» logo no início do combate.