55 | I Série - Número: 067 | 16 de Abril de 2009
O Sr. Ventura Leite (PS): —  Não foi por falta de recursos que o País não se desenvolveu mais, que não viu diminuir a desigualdade na distribuição da riqueza, ou que não viu diminuir de forma significativa a taxa de risco de pobreza.
Uma economia viciada em crédito é insustentável e uma ameaça ao futuro do País, porque não gera excedentes para financiar o seu progresso nem a manutenção do Estado social.
É um erro considerar que, no plano económico, só resolveremos os nossos desequilíbrios e défices através das exportações. A economia interna e os recursos nacionais têm também um papel decisivo.
Uma estratégia credível para corrigir a trajectória que o País viveu nas últimas décadas exige o reforço do pilar económico interno e o reforço do pilar de economia social. O pilar económico interno deve apostar no combate ao desperdício e no aproveitamento competitivo dos recursos nacionais. O pilar social serve a mobilização da sociedade portuguesa e a economia no seu conjunto.
Tal estratégia não significa abandonar os sectores económicos tradicionais, antes, pretende tornar o processo de desenvolvimento económico mais equilibrado, alargando a base económica para a investigação e progresso tecnológico.
A mobilização da sociedade portuguesa implica convocá-la a um maior protagonismo, o que passa pela valorização do III Sector, pela revalorização do papel da família e da iniciativa dos cidadãos. Este momento exige um novo Contrato Social, como é hoje admitido em países como os Estados Unidos.
O mundo vai sair desta crise, mas seguramente com importantes dinâmicas de mudança, a nível económico, social, ambiental e moral.
Passados 35 anos do 25 de Abril e na encruzilhada difícil em que nos encontramos,»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Somos nós! O senhor não tem nada a ver com isso! O seu partido está afastado!
O Sr. Ventura Leite (PS): —  » o poder político ç confrontado com o desafio de demonstrar se está á altura do País e da sua história, propondo e apoiando um novo impulso económico e social indispensável ao avanço da sociedade portuguesa.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Governo agiu bem no estímulo às exportações de bens e serviços, incluindo o turismo, na aposta na investigação científica e na inovação tecnológica, na qualificação dos recursos humanos e na educação, nas energias renováveis, na aposta na banda larga, ou na decisão de apostar na aprendizagem generalizada do Inglês, uma potencial vantagem estratégica no futuro próximo.
Todavia, a nossa situação concreta, particularmente agravada pela crise internacional, não poderá ser ultrapassada sem algumas novas escolhas e decisões nunca antes assumidas.
Mas tais escolhas e decisões não devem ficar apenas a cargo dos governos. A Assembleia da República não pode fugir às suas responsabilidades, limitando-se à crítica sistémica aos governos ou ao apoio sistémico aos mesmos. Não é isso que os cidadãos esperam deste órgão de soberania.
Sr.as e Srs. Deputados: Hoje, vim partilhar com VV. Ex.as algumas preocupações e ideias. Para a semana, entregarei dois projectos de resolução com recomendações, concretizando o que aqui hoje vos trouxe.
Estou a fazer a minha parte. Aguardarei, com expectativa,»
O Sr. João Oliveira (PCP): — Que o PS faça a sua!
O Sr. Ventura Leite (PS): — » a posição de VV. Ex.as.
Aplausos do PS e do Deputado do PSD Hugo Velosa.
Entretanto, reassumiu a presidência o Sr. Presidente, Jaime Gama.
O Sr. Presidente: — Concluído este período de declarações políticas, passamos à discussão, conjunta e na generalidade, das propostas de lei n.os 241/X (4.ª) — Atribuição do subsídio de insularidade aos funcionários públicos que prestam serviço nos serviços periféricos do Estado, instalados na Região Autónoma da Madeira (ALRAM) e 211/X (3.ª) — Alteração ao Decreto-Lei n.º 66/2008, de 9 de Abril, que regula a