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12. O Relatório, na melhor tradição socialista, subscreve por inteiro as teses do

Governo quanto à nacionalização e à sua inevitabilidade, recusando toda e qualquer

outra alternativa. Mas não explica três coisas.

Primeiro: por que motivo o BdP e o Governo não intervieram no momento da

demissão de José Oliveira e Costa, quando já eram conhecidas todas as fraudes e o

banco já vivia em pré-colapso ou pré-falência? Por que deixou o Governo que a situação

se degradasse e aumentassem os custos da nacionalização, que todos os portugueses

estão hoje a pagar? Por que deixou o Governo que mais duas administrações fossem

nomeadas, primeiro Abdool Vakil e depois Miguel Cadilhe? Na realidade, só pode

compreender-se este protelamento, pela convergência de interesses e estratégias entre

Abdool Vakil e o BdP, o primeiro apostado numa política de meias verdades que não

pusesse em causa nem os interesses nem os negócios instalados e, o segundo, numa

actuação discreta que, não revelando a dimensão da fraude, também não exibisse as suas

culpas e responsabilidades.

Segundo: o Relatório não fundamenta as razões que levaram à consolidação das

contas do Insular no BPN, quando não está demonstrado que a sua titularidade possa ser

atribuída ao BPN. Esta decisão apenas beneficiou os 5 accionistas do Banco Insular e

agravou o buraco do BPN.

Terceiro: o Relatório não tem uma interrogação sobre as condições em que o

Governo determinou a nacionalização do BPN, sem qualquer preocupação sobre se

foram ou não devidamente calculados os custos, se esses custos eram inferiores aos de

outras alternativas, nomeadamente, a proposta pela administração de Cadilhe ou a

compra pela CGD, e se foi ou não acautelada a recuperação do elevadíssimo crédito do

BPN sobre a SLN e a indispensável responsabilização dos seus accionistas por essa

mesma recuperação. Ao Dr. Vítor Constâncio não lhe pesa a consciência. Ao Governo

não lhe pesa a responsabilidade. Com tanta leveza, o peso está todo sobre os

portugueses, no bolso dos portugueses.

13. Por último, as recomendações legislativas sugeridas no Relatório. Eram

inevitáveis. Se a Relatora acha que a supervisão esteve bem e o supervisor ainda

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