50 | I Série - Número: 038 | 14 de Janeiro de 2011
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Então, o Sr. Secretário de Estado vem falar de «preços políticos»? Então, o que são os aumentos da electricidade e as taxas incluídas na factura, por opção política dos Srs. Governantes, quando a EDP tem lucros de mais de 1000 milhões de euros por ano há anos e anos a fio?!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Isto não é um preço político, Sr. Secretário de Estado, é um frete político, é a política de direita ao serviço do poder económico!
Aplausos do PCP.
Há, de facto, uma história muito mal contada sobre os aumentos dos preços e os valores em causa. Falase em médias, em índices de preços no consumidor e em inflação, mas, quando os portugueses ouvem falar em inflação de 2,2%, como o Governo anuncia, e, depois, vêem o pão a aumentar 12%, o gasóleo a aumentar 5% em 30 dias, os ferries em Setúbal a aumentar 25%, os bilhetes do eléctrico a aumentar 70%, o desabafo que ouvimos é que a inflação ainda é o menos, os aumentos é que não se aguentam! Os senhores do Governo e da maioria são implacáveis para com os utentes da saúde, dos transportes e dos serviços públicos, para com os reformados, para com os desempregados, e aí falam em «determinação» e em «coragem», mas, na hora da verdade, quando se trata de ir buscar o dinheiro lá onde ele está e se acumula, deixam os especuladores e as grandes empresas — a PT e outras que tais» — com os milhões que conseguem evitar pagar impostos, isto é, «fugir com o dividendo à seringa».
Aplausos do PCP.
É essa a vossa sensibilidade social, Srs. Deputados e Srs. Membros do Governo?! Em matéria de aumento de preços, o Sr. Secretário de Estado da Agricultura disse uma frase, apenas uma frase, ou seja, que queremos os preços mais baixos para o consumidor e mais altos para o produtor. Disse uma única frase, que é inteiramente verdadeira, reconheçamos-lhe isso.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Mas depois disse que, em relação a isso, há uma «quadratura do círculo», como se fosse um milagre aquilo que queremos.
Sr. Secretário de Estado, Srs. Membros do Governo: o sacrossanto mercado, de que os senhores tanto falam, está, na verdade, nas mãos da grande distribuição, dos grandes grupos económicos, dos intermediários, que conseguem o milagre, esses sim, da multiplicação dos preços, com margens de lucro absolutamente escandalosas. Ou os senhores não conhecem que, nomeadamente no pescado, os pescadores enfrentam a primeira venda com preços revoltantemente baixos para, depois, os consumidores encontrarem o mesmo pescado a preços 300%, 800% e 900% acima do preço a que foi comprado ao produtor?!
Aplausos do PCP.
É por isso que os preços estão cada vez mais altos e os pescadores e agricultores vivem cada vez pior! É preciso e urgente pôr Portugal a produzir, apostando no aparelho produtivo, na produção nacional, criando emprego e crescimento económico, mas com uma política de rendimentos e preços profundamente diferente, que deixe de servir o poder económico e passe a favorecer, de facto, aqueles que menos têm e menos podem.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: O País não se pode dar ao luxo de continuar a ser saqueado desta forma; o País não se pode dar ao luxo de continuar com esta rédea solta à