62 | I Série - Número: 048 | 5 de Fevereiro de 2011
Eram 13 horas e 31 minutos. 
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Declarações de voto enviadas à Mesa, para publicação 
Relativas ao voto n.º 100/XI (2.ª): 
Depois da submissão a um regime ditatorial durante três décadas, as mulheres e os homens egípcios estão 
a protagonizar há uma dezena de dias uma corajosa luta pela liberdade e pela democracia no país, exigindo 
nas ruas das principais cidades do país o fim do regime e a expulsão do país do ditador Hosni Mubarak. 
Embora seja ainda imprevisível a evolução deste movimento revolucionário do povo egípcio, porque tenho 
ainda bem viva memória dos acontecimentos equivalentes vividos em Portugal, entendo que se justifica 
plenamente o voto de solidariedade da Assembleia da República com a luta pela democracia que se 
desenvolve no Egipto. 
Mas a bondade deste voto parlamentar foi significativamente prejudicada pela pobreza intrínseca e pela 
sua provocatória apresentação pelo proponente que, com um inadmissível aproveitamento partidário, acabou 
por secundarizar a justa saudação à corajosa luta do povo egípcio e contribuir para a inviabilização da sua 
aprovação pela Assembleia da República. 
A provocatória intervenção verbal do proponente teve a competente resposta do líder do meu grupo 
parlamentar! Mas, porque quero realmente expressar a minha solidariedade à luta das mulheres e dos homens 
egípcios, não consegui votar contra. Abstive-me. 
O Deputado do PS, Defensor Moura. 
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O signatário, acompanhando a orientação do Grupo Parlamentar do PS, votou contra o voto de 
solidariedade n.º 100/XI (2.ª), apresentado pelo Bloco de Esquerda, relativo à «luta pela democracia no 
Egipto». 
О movimento popular em curso no Cairo e outras cidades egípcias desde 25 de Janeiro corresponde à 
expressão de uma legítima aspiração de liberdade, de justiça social e de afirmação da sociedade civil neste 
grande País decisivo para a afirmação dos valores democráticos e do Estado de direito no espaço euro-
mediterrânico e no Médio Oriente. 
É fundamental para a Europa democrática que as transformações ocorridas na Europa do Sul nos anos 70 
do século XX e mais tarde, no antigo bloco soviético, após a queda do Muro de Berlim, sejam acompanhadas 
pela emergência de sociedades árabes assentes no respeito pelos direitos fundamentais. Devem assim os 
países da União Europeia apoiar todos os esforços dos povos do Mediterrâneo para afirmar uma via árabe 
democrática que rejeite tanto as autocracias militares ou familiares como os fundamentalismos religiosos. 
Devem assim ser saudados os esforços do povo egípcio em operar uma transição pacífica para a 
democracia, na senda do ocorrido já na Tunísia, e apoiadas as posições da comunidade internacional no 
sentido de que o Presidente Hosni Mubarak entenda os sinais dos tempos, retirando-se após 32 anos de 
exercício do poder. 
Entendo que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista deveria ter apresentado um voto de solidariedade 
com a transição democrática no Egipto, de acordo com a orientação adotada pela União Europeia e pelos 
Estados Unidos, não permitindo que, perante o voto oportunista apresentado pelo Bloco de Esquerda, fosse 
dada a ideia errónea da falta de apoio da Assembleia da República ao movimento popular egípcio. 
O voto do Bloco de Esquerda, bem como a intervenção feita em Plenário, não refletem a dinâmica histórica 
em curso no mundo árabe e limita-se a pretender instrumentalizar o movimento popular egípcio para 
questiúnculas de política doméstica. É designadamente visada, mais do que o regime egípcio, a atuação de 
outros Estados, omitindo qualquer referência ao papel da comunidade internacional no sentido de promover