42 | I Série - Número: 049 | 10 de Fevereiro de 2011
mesmo: tenho muito orgulho em ter tido avós que não se licenciaram, do meu lado paterno, tenho muito orgulho em que os meus pais se tenham licenciado e tenho muito orgulho em ter conseguido doutorar-me.
É este tipo de população que queremos ter em Portugal. É para isso que lutamos, foi isso que me fez aderir ao PSD, em 1976.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Luís Fazenda): — Tem a palavra, para uma declaração política, o Sr. Deputado Victor Baptista.
O Sr. Victor Baptista (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Enquanto alguns vivem tempos de preocupação, outros esperam o momento, definem e afiam estratégias, aguardam oportunidades e, na esperança do seu próprio cálculo, congeminam uma moção, nem que seja uma qualquer moção de censura, aparentemente a solução na pressa da realização dos seus sonhos, mas também das suas próprias incapacidades. Entretanto, falam, mas genuinamente não sentem a necessidade de estabilidade política do País como uma condição necessária para a saída de uma crise importada, que os portugueses e o Governo conhecem, combatem, sentem e vivem.
Sabemos que estamos em tempo de grandes dificuldades, as dificuldades que resultaram da maior crise financeira internacional das últimas décadas, que alguns teimam em não querer reconhecer. Mas a vida é mesmo assim, e a política não é propriamente nem a arte dos artistas nem mesmo a ciência dos cientistas. Há quem a admita simplesmente como uma actividade humana, de sólido carácter pragmático, onde, por muitos que sejam os juízos de valor, não se conseguem iludir os juízos da realidade.
Num dos muitos actos autónomos da inteligência humana, com pragmatismo, realizou-se mais um dos muitos encontros — um oportuno primeiro encontro nacional das exportações. Oportuno, porque, entre nós, para os muitos incrédulos, desiludidos e críticos restará sempre o pragmatismo e a realidade dos números. E, estes, o que nos dizem? Que, em 2010, após cinco trimestres consecutivos de quebra do Produto, e contrariando as projecções da OCDE, do Fundo Monetário Internacional, do Banco de Portugal e da Comissão Europeia, Portugal não esteve em recessão e deverá ter crescido cerca de 1,3%; que nem todas as economias cresceram em 2010, que continuaram em recessão ou estagnação, entre outros países, a Grécia, a Irlanda e a Espanha; que, no 3.º trimestre de 2010, as exportações de bens e serviços cresceram, em termos homólogos, 9,2%, sendo o melhor crescimento desde o 2.º trimestre de 2007. Recordo que as primeiras projecções relativas às exportações apontavam, no caso da OCDE, para 1,6% e, no caso da Comissão Europeia, para 2,5%, chegando algumas das credíveis instituições, entre as quais estava o Banco de Portugal, a projectar um decréscimo de cerca de 1%.
Dizem-nos também os números que as exportações de bens, em 2010, registaram um aumento de 15,7%, sendo que, para a União Europeia, o crescimento foi de 15% e, para o exterior, o crescimento de bens transaccionáveis foi ainda mais intenso, de 18%; que, em 2010, Portugal apresentou o maior crescimento das exportações de bens dos últimos 16 anos; que cada vez mais exportamos bens transaccionáveis e de maior valor acrescentado; que no 3.º trimestre de 2010 cresceram as exportações de serviços, em termos homólogos, 10,3%; que o peso das exportações de serviços, entre 2006 e 2010, passou de 7,5% para 8,6% do Produto; que o sector do vestuário e calçado, um dos tradicionais sectores exportadores em que muitos já não acreditavam, continuou a crescer 4,6%; que, em Dezembro, Portugal apresentou o maior crescimento de vendas no comércio retalhista, de 4,5%, enquanto na União Europeia esse sector decaiu 0,6%; que, em Novembro, Portugal registou o segundo melhor desempenho nas novas encomendas à indústria, tendo crescido, em termos homólogos, 51,4%; que cumprimos a meta a que nos tínhamos proposto de descida do défice público e que este ficou abaixo dos previsíveis 7,3%.
Bem sabemos que tudo isto se deve ao bom trabalho dos portugueses, em particular dos empresários portugueses, mas também temos de reconhecer, ainda que muitos persistam em ignorar, que o Governo ajudou a desbravar novos mercados, novos horizontes, num esforço contínuo e numa estratégia nunca antes vista em Portugal.
O aumento da intensidade tecnológica das exportações, que passou de cerca de 50%, no início da década de 90, para 75%, actualmente, o reforço do peso das exportações de serviços, que na balança tecnológica