31 | I Série - Número: 059 | 4 de Março de 2011
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Inscreveram-se cinco Srs. Deputados para pedir esclarecimentos. O Sr. Deputado informará a Mesa se responderá em conjunto ou isoladamente.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Calvário.
A Sr.ª Rita Calvário (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Ramos, de facto, o que se tem passado no distrito de Beja é bem o reflexo da política deste Governo para o interior do País, uma política de esquecimento e de desprezo, mas também uma política que coloca as populações em isolamento, apenas promovendo o seu envelhecimento e, a termo, a própria desertificação humana destes territórios.
Veja-se o que está a ser feito em termos das políticas de mobilidade neste distrito, concretamente na linha ferroviária de Beja. Uma linha que está em risco de perder a ligação directa do Intercidades de Beja a Lisboa e, portanto, de perder um meio de transporte rápido e confortável, que permite uma ligação facilitada das populações de Beja a Lisboa mas também entre as várias povoações que ficam de permeio.
Veja-se igualmente o que são os planos da própria CP, que colocam em risco a ligação Beja/Funcheira e, por isso mesmo, a ligação ao Algarve.
E tudo isto tem condicionantes quer para a deslocação das populações quer para as próprias actividades económicas existentes no distrito, sendo, por outro lado, esta linha extremamente importante para o transporte de mercadorias, quer de minérios, quer de produtos agrícolas, como sejam, entre outros, os provenientes da vinha ou do olival.
Por isso, esta política ferroviária para o interior do País, que tem também a sua expressão no distrito de Beja, resulta no isolamento destas populações e no prejuízo das economias locais e das actividades económicas que contribuem para criar emprego e dar alguma vida a estas zonas.
A este propósito, gostaria de perguntar-lhe, Sr. Deputado, como vê a intenção da CP e do Governo de pôr fim à ligação directa do Intercidades Beja/Lisboa e também de colocar em risco a ligação Beja/Funcheira e, portanto, a ligação ao Algarve.
Quero ainda colocar-lhe uma segunda questão, que não referiu na sua declaração política. Foi recentemente aprovado e publicado em Diário da República o novo Plano de Ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Esta é uma área protegida que engloba vários distritos mas que incide também sobre o concelho de Odemira.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rita Calvário (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Este é um Plano que se vira contra as populações, contra as actividades tradicionais e que, por isso mesmo, compromete a sua própria sustentabilidade, em termos de conservação da natureza e também de manutenção de uma área protegida com vida que mantenha as populações residentes.
Ora, gostaria de saber se o Sr. Deputado considera, ou não, fundamental rever este Plano de Ordenamento, para que ele respeite as populações e permita uma convivência pacífica entra a área protegida e as actividades tradicionais.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Rita Calvário, agradeço as suas questões.
Começando pela última, quero dizer-lhe que o Plano de Ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina é, efectivamente, um problema que está em cima da mesa. Em nossa opinião, um plano para uma área destas deve promover o desenvolvimento e a permanência das pessoas no território e não inibir essa mesma permanência. Mas este Plano tem ainda uma outra questão associada: a de ter sido aprovado completamente de má fé, ao arrepio daquilo que foram os compromissos assumidos com as populações e com os autarcas locais.