I SÉRIE — NÚMERO 125
18
Mas quero saber se o Sr. Primeiro-Ministro, na resposta ao primeiro pedido de esclarecimento, pôs mesmo
a hipótese de, a breve prazo, apresentar mais medidas de austeridade em Portugal. Nem lhe vou perguntar
quais, pois já percebi que o Sr. Primeiro-Ministro não quer adiantar! Mas põe nitidamente essa hipótese de
apresentar mais medidas de austeridade, em Portugal?!
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Agora, tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, lemos atentamente o texto da
moção de censura que o PCP aqui trouxe, ouvimos também atentamente a intervenção do Sr. Deputado
Jerónimo de Sousa e, tal como disse o Sr. Primeiro-Ministro, de facto, não vislumbrámos grande novidade
nem grande surpresa no discurso do PCP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Surpresas é convosco!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Devo até dizer que o facto de a parte deliberativa do texto da moção de
censura se dirigir ao XIII Governo Constitucional não é propriamente muito surpreendente. É um lapso
compreensível, muito compreensível à luz do método de copy/paste que marca estas iniciativas repetidas do
PCP.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É de resto um copy/paste histórico, onde continuam a abundar conceitos
cristalizados no tempo e uma semântica muito anacrónica, que, aliás, é muito costumeira.
Em matéria de acervo histórico-temporal, a única novidade relevante é que desta vez o PCP chegou antes
do BE.
No mais, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Deputados, esta moção é, como já tivemos ocasião de dizer,
inoportuna, inconsequente e é também sectária. É inoportuna porque, apesar de o debate e de a confrontação
democrática serem salutares, Portugal não precisa, objetivamente, hoje, de mais divisão ou de conflitualidades
estéreis.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Portugal precisa de união, de convergência, de sentido de concertação.
Protestos do PCP.
Portugal precisa da concertação política e partidária, que se nota, por exemplo, olhando para a bancada do
Governo, que integra muitos cidadãos independentes, que, nesta ocasião, deram o seu contributo para
recuperar Portugal.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — E também precisa da concertação partidária, que, apesar de tudo, tem
sido privilegiada nas relações entre o Governo, entre esta maioria e o principal partido da oposição.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Portugal precisa e tem conseguido ter concertação social, que motivou,
de resto, um acordo bem abrangente e bem ambicioso com os nossos parceiros sociais, no domínio do
crescimento e do emprego.