26 DE JUNHO DE 2012
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Diga lá que não rouba os subsídios!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Disse e repito: é muito cedo para estar a falar em quaisquer novas medidas de
austeridade.
Mas o Sr. Deputado e o País sabem que nunca como Primeiro-Ministro me furtei a comunicar aos
portugueses, seja na Assembleia da República…
Protestos do PCP.
… seja diretamente, aquilo que foi necessário, por mais «antipático»! Nunca mandei os recados mais
difíceis por ninguém!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Diga o que tem para dizer! Não esconda!
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, entretanto, o Sr. Primeiro-Ministro informou a Mesa que responderá
a um grupo inicial de oito Deputados e, depois, ao restante grupo de Deputados inscritos para fazerem
pedidos de esclarecimentos. Sendo assim, incluem-se ainda no primeiro grupo, além dos Deputados que já
indiquei, os Srs. Deputados Jorge Machado (PCP), Rui Jorge Santos (PS) e Luís Menezes (PSD).
Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, talvez as palavras estejam gastas,
talvez as palavras sejam surdas, mas os números não mentem, os números valem. Estamos a viver num País
que tem 23 despedimentos/dia e em que são entregues à banca 25 casas/dia. Esta é a tragédia do País, é
nisto que estamos a viver.
O Sr. Primeiro-Ministro diz-nos que isso são efeitos da crise?! Qual é a quota de responsabilidade deste
Governo nesta crise, nesta circunstância?!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — 23 despedimentos/dia, 25 casas entregues, por dia, à banca!
Desde que este Governo, no cumprimento do Memorando com a troica, induziu a economia em coma que
todos estes números, todos estes indicadores se agravaram. Será que é a receita? Será que é a cura? Ou
será que é exatamente o mal de que o País padece?
Será que esta receita poderá obviar à crise, às dificuldades das contas públicas, ao pagamento da dívida
externa?! Ou está a agravar exatamente todas essas circunstâncias, todos esses indicadores?!
É que parece cada vez mais óbvio que esta receita está a agravar todos os indicadores. Já nem o Governo
tem segurança nas suas declarações acerca do cumprimento do défice, acerca da necessidade ou não de um
plano b, acerca da possibilidade do prolongamento de um resgate, acerca de uma negociação mais ou menos
oculta, ou mais declarada, do termos do Memorando que foi assinado com a troica.
Portanto, esse Memorando é o primeiro obstáculo a tirar a economia portuguesa do coma em que está
induzida. É preciso alterar esse Memorando, pôr esse Memorando na gaveta! É difícil?! É necessária uma
outra política, é necessária uma outra coragem política?! Mas é essa que temos legitimidade para defender
nesta Assembleia da República! E estamos a defendê-la, Sr. Primeiro-Ministro, porque os argumentos da vida,
da lógica das coisas, bem, esses parecem estar agora do nosso lado, não mais do lado do Governo.
Qual é a lógica dos argumentos do Governo face à sucessão de resgates, face ao bloqueio que é a política
europeia, face à crise do euro?! As causas da crise?! As causas da crise foram os políticos gastadores?!
Seguramente! Houve corrupção?! Seguramente!
Mas as causas da crise, com o dobro da dívida privada em relação à dívida pública, com o facto de o
Estado ter acumulado dívida em parcerias público-privadas, em transferências gigantescas de recursos
públicos para o setor privado, tudo isso acabou por «estalar nas mãos» do Estado quando houve uma onda