I SÉRIE — NÚMERO 3
4
E tudo isto acontece — é bom relembrar, Sr. Primeiro-Ministro — com uma redução histórica na despesa
pública orgânica do Estado, que, por exemplo, só nos consumos intermédios já é superior a 1000 milhões de
euros. É evidente que é preciso continuar, redobrar e reforçar este esforço, mas ele não é de deixar de
assinalar.
São estes factos, Sr. Primeiro-Ministro, que permitem, na consciência e no coração dos portugueses, fazer
uma avaliação correta das circunstâncias. A vida, repito, está muito difícil para os portugueses, mas o País fez
neste ano e meio um caminho que o faz sair do atoleiro em que se encontrava há justamente um ano e meio,
quando estava à beira da bancarrota e teve de pedir dinheiro para pagar salários a enfermeiros, a polícias, a
médicos, a professores.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, é preciso atender às dificuldades das pessoas, e fazê-lo de uma forma
direta.
No passado fim de semana, muitos portugueses, seguramente das mais variadas orientações políticas,
manifestaram com enorme civismo — facto que gostaríamos de assinalar — a sua preocupação, a sua
angústia e o seu protesto. É com isto, Sr. Ministro, que eu queria, muito diretamente, confrontá-lo.
Os seis factos que elenquei — podiam ser mais — dão-nos esperança de que o caminho difícil que
estamos a fazer vai permitir a Portugal e aos portugueses saírem da situação dificílima em que se
encontravam, mas neste momento, que é, repito, o mais difícil do período de assistência financeira (nunca
este Governo o negou, antes pelo contrário, sempre o afirmou, ao contrário do que acontecia noutras alturas,
em que se prometia aquilo que não era manifestamente possível fazer),…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — … nesta altura de dificuldades, este protesto, esta preocupação
deve, obviamente, também a nós, que exercemos aqui funções, preocupar-nos. Gostaria de ouvir um
comentário de V. Ex.ª.
Creio que estes indicadores, estes factos que nos dão esperança, não podem de maneira nenhuma fazer
olvidar esta preocupação, mas também não podem fazer com que este Governo, como já fizeram outros, baixe
os braços. É sobre isto que eu gostaria de ouvir um comentário.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, na reabertura de ano
parlamentar, quero, em nome de todo o Governo, cumprimentar todos os Srs. Deputados e todas as Sr.as
Deputadas, começando, evidentemente, na Mesa da Assembleia e na Sr.ª Presidente.
Sr. Deputado Nuno Magalhães, quanto aos seis factos positivos que escolheu para, na sua pergunta,
justificar que os sacrifícios têm valido e feito sentido para Portugal e para os portugueses, quero dizer-lhe que
são factos evidentes, que nem sempre têm sido devidamente sublinhados mas que estiveram na origem, em
grande medida, da negociação dura e do resultado positivo com que Portugal saiu da última avaliação com os
nossos parceiros europeus e com o Fundo Monetário Internacional.
Esses factos que enunciou são relevantes porque foram eles que determinaram, em grande parte, que
tivesse havido uma revisão das metas intercalares para a trajetória das finanças públicas e, portanto, dos
défices orçamentais. Portugal foi o único país sob assistência financeira que viu essas metas serem revistas, o
que só se faz em clima de confiança e de crédito quanto ao caminho que está a ser percorrido.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.