13DEOUTUBRODE2012
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Srs. Jornalistas,
está aberta a sessão.
Eram 10 horas e 4 minutos.
Podem ser abertas as galerias.
Srs. Deputados, não havendo expediente para anunciar, vamos dar início à ordem do dia de hoje, que
consiste no debate quinzenal com o Sr. Primeiro-Ministro, ao abrigo da alínea a) do n.º 2 do artigo 224.º do
Regimento, de preparação do Conselho Europeu dos dias 18 e 19 de outubro, num dia em que, como notícia
de última hora, se sabe que a União Europeia ganhou o Prémio Nobel da Paz.
Aplausos do PSD e de Deputados do PS e do CDS-PP.
A ordem das intervenções será a seguinte: primeiro, intervirá o Sr. Primeiro-Ministro, seguindo-se as
intervenções do PS, do PCP, do BE, de Os Verdes, do CDS-PP e, finalmente, do PSD.
Para iniciar o debate, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho): — Sr.ª Presidente da Assembleia da República, Srs.
Deputados: Quero também associar-me, desde já, à saudação espontânea que a Câmara evidenciou perante
a notícia que a Sr.ª Presidente comunicou, sobre a atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia.
O Sr. BernardinoSoares (PCP): — Para o ano é Israel!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em vésperas de mais um Conselho
Europeu, os desafios que se colocam à Europa reclamam soluções concretas, profundas e rápidas.
A gravidade do contexto internacional, de que dependemos, não pode ser minimizada. Temos à nossa
volta países que são mercados importantes para nós e que estão, eles próprios, a braços com tremendas
dificuldades.
Ora, nós sabemos que isto nos afeta, dado que processos de ajustamento como aquele que estamos a
levar a cabo não são indiferentes à situação dos nossos parceiros económicos. É por isso que devemos dizer
que temos problemas internos que estamos a resolver e temos problemas europeus que também estamos a
resolver. Esta é a única abordagem que confronta a realidade dos factos, e não podemos julgar que
conseguiremos resolver apenas uns ao mesmo tempo que ignoramos os outros.
Uma das propostas em que o Governo se empenhou desde a primeira hora, e está agora bem
acompanhado por muitos dos nossos parceiros europeus, consiste na concretização de uma união financeira
para a Europa. Sei que este assunto parece estar muito distante das dificuldades quotidianas que afetam os
portugueses, mas os intervenientes neste debate público nacional devem ajudar a esclarecer que isso não
poderia estar mais longe da verdade.
É essencial o empenho nesta proposta porque ela responde diretamente a alguns dos problemas mais
graves da nossa economia e das nossas empresas. Ao mesmo tempo que trabalhamos para resolver as
tensões que existem no mercado de dívida pública temos de saber manter este problema na sua órbita
própria. Ou seja, não podemos permitir que o risco soberano, que é diferente nos vários Estados-membros,
acabe por fragmentar os mercados financeiros europeus. Não o podemos permitir porque estamos a falar das
condições elementares para o crescimento da economia e do emprego na Europa e, sobretudo, em Portugal.
No último ano, as condições financeiras tornaram-se tão diferentes nos diversos Estados-membros que a
própria unidade da política monetária da zona euro começou a ser posta em causa. Uma decisão de política
monetária — por exemplo, uma redução dos juros oficiais — tem consequências diversas para os diferentes
Estados, e nalguns casos deixa mesmo de ser operativa. Ora, não podemos continuar a fechar os olhos a
estas distorções e fraturas. Sobre este ponto não pode haver dúvidas: uma moeda comum só pode subsistir
se houver uma política monetária comum, capaz de responder adequadamente às nossas dificuldades
económicas.