ISÉRIE — NÚMERO11
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portanto, ter oferecido à Europa e a Portugal aquilo que o Governo não queria aceitar da proposta do Partido
Socialista.
O que não o satisfez, na resposta do BCE, em que é que o Partido Socialista não se revê, afinal? No que é
que o BCE não terá correspondido às propostas do Partido Socialista e o que é que o Sr. Deputado, então,
entende que deve ser, afinal, a posição do Banco Central Europeu?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.
O Sr. AntónioJoséSeguro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, há uma coisa que lhe quero
dizer: eu não baixarei o nível do debate neste Parlamento.
VozesdoPSDedoCDS-PP: — Ah!…
O Sr. AntónioJoséSeguro (PS): — Não baixarei! Quero dizer-lhe isso com muita clareza.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Em segundo lugar, quero dizer-lhe o seguinte: o Sr. Primeiro-Ministro deve estar com atenção às nossas
propostas, e já deveria ter estado com atenção há mais de um ano, porque elas não são de ontem nem de
anteontem. Aliás, o Sr. Primeiro-Ministro chegou tarde à adesão ao ato adicional ao pacto fiscal;…
Protestos do PSD.
… chegou tarde à adesão de que o papel do BCE devia ser mais robusto e mais ativo no interior da União
Europeia.
O Sr. MotaAndrade (PS): — Bem lembrado!
O Sr. AntónioJoséSeguro (PS): — Sr. Primeiro-Ministro, ontem conhecemos uma entrevista da diretora
do FMI, dizendo que era preciso mais tempo para os países que estão a fazer consolidação.
Aplausos do PS.
Mas, mais do que isso, Sr. Primeiro-Ministro, chamo a atenção para um relatório do Fundo Monetário
Internacional que diz que se enganou, Sr. Primeiro-Ministro, pois considerava que 1% de ajustamento
correspondia a 0,5% de recessão. E o FMI vem dizer que, afinal, 1% de ajustamento vem corresponder, no
mínimo, a 0,9% de recessão e, no máximo, a 1,5% de recessão.
É por isso que lhe digo, Sr. Primeiro-Ministro — não hoje, nem na semana passada, nem há um mês! —,
há mais de um ano que lhe digo que é impossível fazer consolidação sem crescimento económico e as nossas
propostas são bem conhecidas do Governo. Aliás, recordo-lhe a primeira: nós propusemos, em setembro do
ano passado, uma linha de crédito de 5000 milhões de euros, a contratar com o Banco Europeu de
Investimentos, para apoiar as pequenas e médias empresas em Portugal.
O Sr. MichaelSeufert (CDS-PP): — Magnífico!…
O Sr. AntónioJoséSeguro (PS): — O Sr. Primeiro-Ministro começou por recusar. Passados dois meses,
teve de aceitar a nossa proposta. Mas qual é o resultado? O resultado é que esse dinheiro não está na
economia e não está nas nossas empresas, que tanto estão carenciadas dele.
O Sr. Primeiro-Ministro disse que eu tinha fraca memória. Não lhe fica bem isso, porque basta reler todos
os nossos debates para perceber quem é que tem memória e, sobretudo, quem é que teve razão no tempo