ISÉRIE — NÚMERO11
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marretada na vida dos portugueses e não vale a pena vir, depois, dar-lhes uma palmadinha nas costas. Isso
não vale! Já não colhe, porque cada vez são mais os portugueses que percebem os objetivos da sua política.
O Sr. BernardinoSoares (PCP): — Muito bem!
O Sr. JerónimodeSousa (PCP): — E não vale a pena vir falar do aumento da taxa, no IRS, sobre alguns
rendimentos do capital. É que sabe tão bem como nós que, de fora, fica o regabofe da fuga dos lucros a pagar
no IRC, fuga para a Holanda ou para as offshore da Madeira, e outras manigâncias que a lei continua a
permitir, com isenção de mais-valias bolsistas das sociedades gestoras.
Vamos dar de barato, se quiser, que vão concretizar-se essas receitas que o Governo anuncia, de 350
milhões de euros (o que está por provar), certamente permitindo os alçapões necessários para que isso nem
sequer se concretize.
Mas a pergunta fundamental que queria fazer-lhe, com um sentimento de profunda indignação, pela sua
hipocrisia, pela mentira que está aqui a colocar, é esta: quando fala de equidade, quanto é que taxa ao capital
e quanto é que tira a quem trabalha ou a quem trabalhou? Era importante que, de uma vez por todas, se
esclarecesse essa verdade. É que, mesmo admitindo a receita de 350 milhões de euros com que quer taxar o
capital, o senhor não é capaz de dizer aqui, nesta Assembleia, que aquilo que pretende, de facto, é sacar, é
roubar mais de 2000 milhões de euros a quem trabalha e a quem trabalhou. E isto é que é indigno, isto é que
nos faz ter um sentimento de revolta.
É que este Governo está com a ideia de concretizar os seus objetivos, de aprovar este Orçamento custe o
que custar, de que se lixem as eleições, para, depois, «quem vier atrás que feche a porta».
Oxalá os portugueses não permitam que esta sua obra destrutiva chegue até ao fim!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro, para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, sei que o Partido Comunista
Português não tem qualquer apreço pela participação que Portugal tem na União Europeia e que gostaria
mesmo que Portugal não fizesse parte deste projeto europeu em que participa, nomeadamente no euro.
O Sr. BernardinoSoares (PCP): — Lá vem a ladainha!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Em qualquer caso, Sr. Deputado, o Partido Comunista Português poderia dar
algum contributo para este nosso debate. Vejo que não tem sequer essa preocupação e lamento-o
profundamente.
Mas lamento mais profundamente que o Sr. Deputado, debate após debate, vá no encalço e dê dessa
forma também cobertura a alguns Srs. Deputados dessa sua bancada que aqui vêm zurzindo o Governo com
expressões que são ofensivas e atentatórias da honra política de quem faz parte do Governo,…
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Isso é que é ofensivo!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e insista em utilizar repetidamente expressões que só podem ser
entendidas, em Portugal, como um convite à violência, no nosso País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PCP, tendo Deputados batido com as mãos nos tampos das bancadas.
Que fique muito claro: as expressões que o Sr. Deputado aqui emprega, traduzindo-se, mais do que na
sugestão, na responsabilização por atos de roubar, como o Sr. Deputado acusa o Governo de fazer, tornam o