13DEOUTUBRODE2012
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empresas, queria, depois disso, por cima disso, para além disso, fazer o massacre fiscal que retiraria mais
dois salários a reformados e a trabalhadores. Por isso, este Governo não para perante nada.
É a essa luz que quero fazer-lhe uma pergunta pessoal, Sr. Primeiro-Ministro: como é que se atreveu,
como é que se permitiu dizer aos portugueses que, neste contexto, com as suas propostas — que o senhor
conhecia melhor do que ninguém —, ia devolver, no próximo ano, um mês de subsídio às pessoas a quem
este ano o retirou?!
Quero saber quando, de que forma e quanto é que vai devolver desse subsídio no próximo ano?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado, confesso que não entendi a primeira parte da
sua pergunta, sobre matar a última esperança de qualquer coisa. Não entendi mesmo. Não leve a mal, é
incapacidade minha.
O Sr. BernardinoSoares (PCP): — Está muito perturbado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Governo terá ocasião de discutir o Orçamento do Estado na Assembleia da
República quando o apresentar. É assim que as nossas regras estabelecem e é isso que vai acontecer.
Afirmei, assim como o Sr. Ministro das Finanças, que iriamos fazer uma devolução parcial dos subsídios,
quer para funcionários públicos quer para reformados — e na última comunicação que fez o Sr. Ministro das
Finanças quantificou o valor dessa devolução — e apenas lhe posso confirmar que é isso que vai acontecer,
Sr. Deputado.
Também lhe posso confirmar — isso ficou acordado durante o quinto exame regular com a troica no mês
de setembro, e o Sr. Ministro de Estado e das Finanças reafirmou-o, porque afirmou duas vezes, na
conferência de imprensa que fez na sequência desse exame regular e na que fez na semana passada, depois
de ter sido concretizada a alteração à TSU — que está em preparação e em ultimação uma reforma fiscal que
compreende a redução do número de escalões de oito para cinco e um aumento da taxa média de tributação.
Sr. Deputado, também posso confirmar os valores que o Sr. Ministro de Estado e das Finanças referiu que
apontam para uma subida de três pontos percentuais na taxa média de tributação em sede de IRS, bem como
a sobretaxa de 4%, que o Sr. Ministro de Estado e das Finanças anunciou.
Portanto, Sr. Deputado, estou a confirmar aquilo que já é conhecido, que o Sr. Ministro de Estado e das
Finanças já anunciou e que eu próprio confirmo que está na proposta de lei que o Governo irá apresentar ao
Parlamento.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.
O Sr. FranciscoLouçã (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, só faltava, no meio das agruras que
Portugal vive, que o Governo se fingisse de generoso.
O Sr. Primeiro-Ministro diz que vai devolver um subsídio, que é dos reformados e que é dos trabalhadores.
O Sr. Primeiro-Ministro imagina que um metalúrgico, um cantoneiro, um enfermeiro ou um médico que, ao
receberem o salário de janeiro, digam: «Que satisfação! O Dr. Passos Coelho devolveu-me o salário de
Janeiro!»? O salário é dele, Sr. Primeiro-Ministro! O senhor não devolve nada! O senhor é obrigado a pagar o
que o Tribunal Constitucional disse que era um assalto!
O Sr. Primeiro-Ministro vem aqui fazer um rapapé sobre as expressões que instigam à preocupação e à
violência?! Acha que há algo que instigue mais a desgraça dos portugueses do que um Governo que diz:
«Olhem, vamos devolver-vos os salários do trabalho que fazem, as reformas da vossa vida»?! Devolução?!
Mas não há um pingo de vergonha na política do Governo?!