19 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Até o agora bem aparecido Ministro da Economia veio, um dia destes,
dar um ar da sua graça com a eufemística declaração de que o Orçamento do Estado não é o «melhor
estímulo à economia»! Não é, não, Sr. Ministro. É o afundamento do que resta da economia portuguesa!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Mas tem razão o Sr. Ministro quando, na mesma declaração, refere que
é necessário crescimento para pagar a dívida. Extraordinário!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Como o PCP denunciou de imediato, o Orçamento do Estado para 2013
constitui um assalto fiscal nunca antes ocorrido. É um colossal aumento da carga fiscal, particularmente no
IRS. É a proposta de realizar um monstruoso despedimento coletivo nos trabalhadores da administração
central, regional e local, dos contratados a termo de trabalhadores das empresas públicas de transporte.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — É a tentativa de mais uma brutal redução de despesas em funções
sociais e nas prestações sociais: na educação, na saúde, na cultura, nos subsídios de doença e de
desemprego. É um novo roubo aos reformados e pensionistas. E é uma evidência que, em contraposição à
tese da equidade nos sacrifícios, foi anunciada uma iníqua brutalidade anunciada, penalizando, mais uma vez,
fundamentalmente, trabalhadores e reformados, seja no aumento da carga fiscal, seja nos cortes nas
despesas sociais, atingindo-os duplamente. Espantosa é a progressividade ao contrário no IRS, transformada
em degressividade, com aumentos percentuais muito mais elevados nos escalões mais baixos do que nos
mais altos!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Isto enquanto o grande capital é tocado de raspão!
É um Orçamento do Estado que assegura, garantidamente, o prolongamento e o aprofundamento da
recessão. Ou seja, é a garantia de que vão continuar com a agonia e a falência de milhares de micro,
pequenas e médias empresas e o acréscimo de milhares de novos desempregados. Isto depois do
encerramento, nos primeiros nove meses deste ano, de 14 000 empresas.
Mas é uma novidade absoluta o que agora propõe o Governo PSD/CDS? Não. O Orçamento do Estado
para 2013 é apenas um novo e brutal passo na continuidade, em crescendo, em progressão geométrica, das
opções que foram sendo tomadas por PS, PSD e CDS desde 2010, em que à aplicação de uma dose de
austeridade se segue uma dose reforçada de austeridade, num círculo vicioso e sem saída.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Dos programas de estabilidade e crescimento (PEC) ao pedido de
intervenção externa da troica, da subscrição do pacto de agressão e medidas subsequentes do já Governo do
PSD/CDS, do Orçamento do Estado de 2012, a que se seguiram novas medidas recessivas e penalizadoras
da economia, desembocamos agora neste Orçamento do Estado, de desastre, para 2013! Um filme que terá
proximamente novos e idênticos episódios!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!