20 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Secretárias de Estado, Srs. Deputados: Começo por
cumprimentar os órgãos dirigentes da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT),
que hoje acompanham a nossa discussão e esta tentativa de salvaguardar os interesses das pequenas
empresas, que são a larga maioria dos seus associados.
Em dezembro de 2011 — há 10 meses, portanto —, apreciámos, nesta Assembleia, o Decreto-lei n.º
61/2011, de 6 de Maio, através de uma apreciação parlamentar requerida pelo PCP, porque tínhamos dúvidas
relativamente à forma como era constituído o Fundo de Garantia de Viagens e Turismo.
Nessa altura, o PSD dizia que o Fundo que existia favorecia as grandes empresas em desfavor das
pequenas e a Sr.ª Secretária de Estado do Turismo dizia que o esforço pedido às empresas mais pequenas
era maior do que o pedido às empresas maiores. CDS e PSD apresentaram, então, um projeto de resolução,
no qual afirmavam que era fundamental que a repartição dos encargos tivesse em conta a dimensão das
empresas, sugerindo a criação de um grupo de trabalho que avaliasse a justa repartição dos montantes para
contribuir para o Fundo.
O PS, na altura, enquanto «pai» do decreto-lei, valorizava a intervenção do Governo, mas acabou por votar
contra as alterações.
A recomendação emitida pela Assembleia da República não foi cumprida e o Governo publicou, a 24 de
agosto, o Decreto-lei n.º 199/2012, alterando o decreto anterior. Todavia, este Decreto mantém as principais
injustiças, desde logo porque põe todas as empresas, independentemente da sua dimensão, a pagar 2500 €
para a constituição do Fundo inicial e, depois, para reforço do Fundo, contribuem menos as empresas que
podem mais.
De facto, uma empresa que tenha uma prestação de serviços no valor de 1 milhão de euros paga para o
reforço 0,035% desse valor, mas uma empresa que tenha uma prestação de serviços no valor de 50 milhões
de euros já paga apenas 0,006%, ou seja, paga menos seis vezes do que paga uma empresa mais pequena.
Estas alterações não cumprem nem o que o PSD e o CDS disseram sobre esta matéria no seu projeto de
lei, nem a resolução da Assembleia da República, nem o que disse a Sr.ª Secretária de Estado do Turismo.
Por essa razão, o PCP apresentou a apreciação parlamentar que discutimos hoje e propõe as seguintes
alterações: a alteração da contribuição inicial para o Fundo, pagando mais quem mais pode; a alteração do
reforço, fazendo com que as empresas, todas elas de igual modo, paguem 0,01% do seu valor de negócios
para o reforço do Fundo; a garantia de que as cauções depositadas por algumas agências possam reverter a
favor da constituição inicial do Fundo; a garantia de que o Fundo será gerido pelo Turismo de Portugal, com a
participação das agências de viagem; e garantia da redistribuição das coimas — quando elas são relativas ao
Fundo, o Decreto-Lei refere 10% e nós propomos que 60% das coimas sejam afetas ao Fundo.
Relativamente a esta matéria meia centena de agências de viagem escreveram ao Grupo Parlamentar do
PCP, apelando a uma intervenção no sentido de alterar esta situação. A verdade é que, depois das
intervenções do PSD, do CDS e, até, da Sr.ª Secretária de Estado do Turismo, não acreditamos que não seja
possível ou não queiram fazer estas alterações que propomos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cláudia
Monteiro de Aguiar.
A Sr.ª Cláudia Monteiro de Aguiar (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Secretária de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: Importa deixar uma primeira nota em relação ao Decreto-Lei que hoje apreciamos,
salvaguardando e saudando todo o processo que culminou no atual diploma. Devem, pois, ser recordados os
muitos meses de trabalho conjunto e destacada a total abertura do Governo para o diálogo, ouvindo todos os
interessados. Aliás, a própria Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo congratulou-se com
todo o processo negocial e com o resultado alcançado.
É importante recordar, neste momento, as palavras do Presidente da APAVT, que realçou o momento da
negociação como um momento histórico para as agências de viagens, não só pela melhoria das condições
para o exercício da atividade como também pelo facto de se ter reforçado a proteção do consumidor.