27 DE OUTUBRO DE 2012
13
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, mais uma vez,
há uma diferença substancial entre a forma como o Bloco de Esquerda olha o mundo e a forma como esta
maioria olha para o mundo.
Nós sabemos que temos de cumprir o que está estabelecido no Memorando de Entendimento. Não é a
nossa opinião, Sr.ª Deputada, é uma obrigação do Estado português.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Cortar três vezes no subsídio de desemprego?!
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — É exatamente por isso, Sr.ª Deputada, que
temos de fazer contenções em despesas. Mas, a verdade é que este Governo, mesmo num tempo de
enormes dificuldades, conseguiu baixar o período de garantia do subsídio de desemprego…
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Fale do valor!
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — … para garantir que os mais jovens tenham
subsídio de desemprego.
Protestos do Deputado do PS Nuno Sá.
Reduziu-o de 15 para 12 meses, Sr.ª Deputada!
A Sr.ª Deputada falou, por exemplo, do complemento solidário para idosos e dos cerca de 200 000
portugueses que dele auferem e, como sabe, foi este Governo que, em contraste com o que aconteceu no
passado, aumentou as pensões mínimas para mais de 1 milhão de portugueses em 2012, e vamos voltar a
fazê-lo em 2013.
Queria dar-lhe uma novidade, Sr.ª Deputada: esse aumento das pensões mínimas situou-se acima da
inflação, em 2012, e, mais um vez, em 2013, vai situar-se acima da inflação prevista — a inflação prevista é de
0,9% e o aumento das pensões que prevemos é de 1,1% —, permitindo que 1 milhão de pensionistas possam
até recuperar, em parte, o seu poder de compra.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para formular perguntas, em nome do Grupo Parlamentar de Os
Verdes, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança
Social, a redução do valor das prestações sociais que o Governo tem de impor é uma verdadeira desgraça e
as vítimas são os idosos e os desempregados. E, em relação aos desempregados, importará recordar que
estes já foram vítimas de um corte nas suas prestações, ainda há pouco tempo, por parte deste Governo —
mais concretamente, em junho deste ano.
Agora, o Governo volta a falhar nos seus compromissos. É mais um contrato que o Governo não está a
cumprir, e seria bom não perder isto de vista, porque, de facto, o Estado e os cidadãos celebraram um
contrato. Os cidadãos cumpriram a sua parte, foram descontando enquanto trabalharam, e descontaram na
expetativa, legítima, de receberem essas prestações, nos termos acordados com o Estado. Só que, agora, o
Governo vem dizer: «Não senhor! A partir de agora, já não é como tínhamos combinado; a partir de agora,
deixa de ser assim, e passa a ser assado».
Mais uma vez, o Governo não cumpre. O Governo falha, altera as regras a meio do jogo, dá o dito por não
dito, falta à palavra. O Governo faz batota e — sei que custa ouvir, Sr. Ministro — rouba a quem mais precisa.
O Governo impõe a pobreza, generaliza a pobreza e a exclusão social. É o regresso das barracas, dos
bairros de lata, da multiplicação dos sem-abrigo, das listas de espera para um lugar debaixo da ponte.
Todos os dias, o Governo empurra pessoas para a pobreza e para a exclusão social, agravam-se as
situações de fome e de carência alimentar.