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I SÉRIE — NÚMERO 49

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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Esta era uma clarificação que importava fazer aqui. Afinal, os

incumpridores tiveram baixa dos juros e os cumpridores tiveram menos, mas tiveram. Em que ficamos, Sr.

Primeiro-Ministro? Mérito de quem? Não é certamente mérito deste Governo!

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, percebo que o Sr. Deputado

queira aqui evocar o exemplo da Grécia, dado que o Partido Comunista Português defende a reestruturação

da dívida, evidentemente com perdas para os credores, como a Grécia fez. Percebo isso, percebo.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não, não!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso é o que o senhor vai fazer!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sei que não lhe dá jeito que eu faça esta evocação, mas é verdade. Percebo,

é realmente consistente. O Partido Comunista Português diz: «Nós defendemos que se reestruture a dívida

com perdas para os credores». E depois diz: «Vejam a Grécia! A Grécia fez isso e agora as taxas de juro

estão melhores».

Pois estão, Sr. Deputado. Não há dúvida que as taxas de juro estão melhores, mas em mercado

secundário, porque a Grécia não vai aos mercados, Sr. Deputado, a Grécia, provavelmente, vai ter a troica

muitos anos. Mas, sobretudo, Sr. Deputado, a Grécia terá perdido, até ao final deste ano, 25% do seu

rendimento — 25%! Não são os 6,4% que nós perdemos, é 25%.

E espero que o Sr. Deputado, com a sua pergunta, não esteja a advogar que Portugal passe a ter o clima

social e económico que se vive na Grécia.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Não falta muito!

O Sr. Primeiro-Ministro: — É que era justamente isso que aconteceria, Sr. Deputado, se o País seguisse

aquilo que o Sr. Deputado e o seu partido defendem.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, vamos lá falar seriamente. De

facto, o PCP defende a renegociação da dívida — nas taxas, nos montantes, portanto, nos juros —, mas do

ponto de vista de uma renegociação que defenda os interesses do devedor que somos e não os interesses

dos credores num processo por eles determinado. E isso aconteceu na Grécia. Temos uma proposta diferente,

que é do interesse nacional.

De qualquer maneira, vamos ter de renegociar a dívida. Talvez o senhor já cá não esteja — oxalá isso

aconteça! —, mas, nessa altura, vamos ter de renegociar a dívida em condições dramáticas, porque não

vamos poder pagar. Essa é que é a questão central.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E como, de certeza, o senhor não estará cá, terá aquele desabafo:

«Quem vier atrás que feche a porta».

O Sr. António Filipe (PCP): — Não estará como Primeiro-Ministro!

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