I SÉRIE — NÚMERO 49
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Quanto mais depressa pomos os pés no chão e enfrentamos os problemas,
mais rapidamente conseguimos resolvê-los e a menor custo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Para se recuperar essa confiança foi necessário apresentar alguns factos que hoje são inquestionáveis.
Em primeiro lugar, a vontade de cumprir. Ninguém é bem-sucedido num processo de recuperação de
credibilidade e de confiança com a dimensão daquele que nós enfrentámos sem uma férrea vontade de
cumprir compromissos.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ora, fizemo-lo no plano interno — creio que este começa a ser, de forma
assinalada, o Governo que mais compromisso social realizou de há muitos anos a esta parte —, mas
conseguimo-lo também do ponto de vista externo.
Apesar de todas as pequenas surpresas que a realidade sempre nos apresenta, a verdade é que Portugal
sempre cumpriu, no essencial, as suas obrigações, mesmo tendo presente que foi um Governo diferente
daquele que está em exercício a fazer quer o pedido de resgaste quer a assinatura dos termos e condições
desse resgate.
Tivesse o presente Governo vacilado ou dado sinais desde o início, como outros pretendiam, de querer
adaptar, renegociar, ou seja, não cumprir aquilo que meses antes tinha sido assumido pelo País e com os
principais partidos da oposição e todo o trabalho de recuperação dessa confiança e dessa credibilidade teria
morrido no primeiro momento em que tivéssemos sonhado poder ter sucesso nessa operação.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Em segundo lugar, é importante dizer que, nesse processo, demonstrámos aos nossos parceiros que, em
matéria de alteração estrutural, éramos mais ambiciosos do que eles tinham sido nos objetivos que nos
traçaram. A verdade é que, em termos estruturais, temos sido mais ambiciosos e, por isso — esta é a situação
em que nos encontramos hoje —, podemos colher os primeiros frutos visíveis dessa estratégia e desse
caminho.
Conseguimos, em dois anos, reduzir o défice primário e o défice estrutural primário em seis pontos
percentuais do Produto.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Isto é importante porque, como todos sabem, em 2012, a composição do
nosso processo de ajustamento reservou-nos a surpresa fiscal que nos impediu de atingir a meta precisa do
défice orçamental que tínhamos desejado. Mas sabemos que, apesar dessa quebra de receita fiscal, o Estado
colocou a sua despesa abaixo daquilo que tinha sido estimado, justamente para compensar em parte essa
surpresa.
Findo esse período, e apesar de termos um défice que, sem medidas extraordinárias, terá sido de 6% em
2012, isto é, menos cerca de 2,2% do que em 2011, conseguimos ter, em 2012, um excedente estrutural
primário pela primeira vez em Portugal e um défice estrutural inferior a 4%. É isto que mede verdadeiramente
o reconhecimento que quer os agentes externos de mercado quer os nossos parceiros hoje nos devotam.
Por essa razão, muitas empresas portuguesas começaram já a ter acesso a mercados de financiamento.
Refiro-me ainda, evidentemente, a grandes empresas.
Vozes do PCP: — Ah!…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Agora e sempre!