2 DE FEVEREIRO DE 2013
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proteção social. Não entregue à troica um plano de cortes sem primeiro o apresentar aos portugueses e sem o
discutir aqui, neste Parlamento.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António José Seguro, vou dar-lhe conta da
decomposição que foi feita relativamente às poupanças da energia, que foi amplamente publicitada e muito
bem explicada no Parlamento pelo Secretário de Estado da Energia: redução da anuidade fixa dos CMEC, que
correspondeu, como lhe disse há pouco, a um corte de 165 milhões de euros, em valor bruto; redução da
remuneração da cogeração, que já está fixada em portaria, e que corresponde a 996 milhões de euros; corte
no mecanismo de garantia de potência, que também já está assumido na portaria de 2012, que corresponde a
443 milhões de euros; e um valor de compensações a efetuar por alguns produtores eólicos, que já foi
entretanto assumida também, no valor de 149 milhões de euros.
Sr. Deputado, isso totaliza um valor de 1753 milhões de euros. Está explicado, não é novidade para o Sr.
Deputado e se é novidade para si pergunte aos Deputados do Partido Socialista na Comissão de Economia
que eles lhe dirão.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, vamos agora ao que é realmente importante na sua observação.
O Governo nunca se arrogou de nenhum exclusivo na estratégia de regresso a mercado, Sr. Deputado. De
nenhum exclusivo! Tenho-o dito praticamente todas as vezes que intervenho sobre esta matéria. Estamos a
conseguir regressar a mercado, porque temos hoje condições no contexto europeu para poder atrair a
expetativa positiva dos investidores.
Se toda a Europa estiver mergulhada numa crise profunda e com o risco sistémico como aquele já teve no
pino do verão do ano passado e como aconteceu na altura em que o Governo italiano caiu (voltou a
acontecer), evidentemente que, em circunstâncias dessas, não é possível, nem aos países que estão sob
assistência, nem a muitos outros países, atrair a atenção dos investidores internacionais por causa da sua
moeda e da sua crise sistémica.
Existe, hoje, um contexto europeu favorável para essa recuperação. Mas, Sr. Deputado, apesar desse
contexto — os investidores não são míopes —, se as condições em Portugal não fossem de cumprimento do
seu programa, pode o Sr. Deputado acreditar que não haveria nenhum investidor externo que confiasse em
Portugal. Essa razão que nos distingue é que não é indiferente à forma como o mérito do Governo e dos
portugueses pode ser reconhecido no trabalho que vem sendo realizado. E, Sr. Deputado, é espantoso como
o senhor consegue, de uma forma absolutamente demagógica, distorcer as evidências para fazer de conta
que o Sr. Deputado tem presciência nessa matéria!
O que se passou com o Banco Central Europeu, Sr. Deputado, tem pouco ou nada a ver com as suas
pretensões.
O Sr. Deputado pretendeu que o Banco Central Europeu financiasse diretamente a dívida dos Estados —
foi isso que o Sr. Deputado disse —, de tal forma que chegou a questionar: «Por que razão empresta o Banco
Central Europeu a 1% aos bancos, que, depois, emprestam ao Estado a taxas maiores, quando o Banco
Central Europeu poderia fazer isso diretamente aos governos?». Foi isso que o Sr. Deputado disse. Ou já se
esqueceu?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, não foi isso que se passou com o Banco Central Europeu. Portanto, ninguém esteve errado
ao não apoiar as suas propostas, porque elas não tiveram vencimento em termos europeus.