I SÉRIE — NÚMERO 54
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E não quer cair porque a opção que fez em 5 de junho de 2011 foi com base em programas e promessas
absolutamente contrários à maioria das políticas atualmente seguidas.
Quem não se lembra da resposta do agora Primeiro-Ministro, entre muitas outras, a propósito dos cortes
dos subsídios de férias e de Natal?
Quem não se lembra do agora terceiro membro na hierarquia do Governo a propósito da defesa dos
contribuintes e do desenvolvimento da lavoura?
Engodos! Muitos engodos! Foram os craques dos engodos, mas já não há engodo que o povo engula!
O Governo ficou hipnoticamente fixado ao transformar um objetivo na única razão da sua existência: a
consolidação das contas públicas. Mas como quer esta maioria ter as finanças em ordem se não tem
economia? Mas como ter economia se não tem política para ela? E se não tem política económica como
garante a estabilidade social?
Aplausos do PS.
Passaram 604 penosos dias. O povo não vai suportar este caminho, custe o que custar! Não vai! Não vai
mesmo! E não vai porque eu, ou um de nós da oposição o diga; não vai, porque o povo português não se
identifica com estas pegadas neoliberais. E quem o diz não sou eu, não é um qualquer elemento da oposição;
quem o diz é a nossa história democrática que vai a caminho de 40 décadas.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Mariana Aiveca, Luís
Menezes, José Lourenço e Raúl Rêgo.
A Sr.ª Deputada Eurídice Pereira informou a Mesa que pretende responder individualmente a cada pedido
de esclarecimento.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Eurídice Pereira, trouxe aqui o retrato do
País real. Os números conhecidos do desemprego dão-nos nota de que estamos nos 16,9% — números
oficiais —, ou seja, 923 000 pessoas registadas, acrescentando-se a estes números mais pessoas que já
estão desencorajadas de procurar emprego e que por isso mesmo não fazem parte das estatísticas. Diríamos
mesmo que estamos no patamar de mais de 1,5 milhões de pessoas que não têm rendimentos do trabalho, ou
seja, estão desempregadas.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Acresce a isto toda a situação de flagelo social que atinge, como bem disse
a Sr.ª Deputada, várias camadas da sociedade portuguesa.
Referindo-me ainda aos números ontem conhecidos, dou particular destaque ao desemprego jovem, que
atinge os 40%, ou seja, 165 000 jovens com menos de 25 anos estão em situação de desemprego.
Inaceitável! Nós dizemos (e creio que a Sr.ª Deputada concordará) que as pessoas têm de estar primeiro —
aliás, foi isso que a maioria disse quando se candidatou perante o povo português.
Mas o que acontece é que hoje o que está primeiro é o défice, a dívida e até o célebre regresso aos
mercados, em nome, dizem-nos, de um célebre Memorando que não acaba nunca. É sempre em nome do
sacrossanto Memorando.
A primeira pergunta que lhe dirijo, Sr.ª Deputada, é a seguinte: estão ou não as pessoas para além de
qualquer Memorando e de qualquer política nele inscrita? Na nossa perspetiva, as pessoas estão primeiro…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.