9 DE MARÇO DE 2013
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formam um todo com o respeito pelos compromissos internacionais, nomeadamente os que resultam da sua
vinculação à Aliança Atlântica e à União Europeia, que são as alianças vitais — repito, vitais — para garantir a
defesa e a segurança de Portugal.
As Grandes Opções confirmam, reiterada e categoricamente, a necessidade de consolidar a posição de
Portugal nos quadros multilaterais da NATO e da União Europeia. O enquadramento multilateral da defesa e
da segurança nacional continua a ser indispensável para garantir o lugar de Portugal como parte integrante da
comunidade de segurança transatlântica.
Por último, há uma continuidade expressa na definição de Portugal como, e cito a expressão do
documento, «um produtor internacional de segurança». Também é verdadeira esta afirmação.
Com efeito, Portugal distinguiu-se, nos últimos 20 anos, pela sua capacidade para assumir
responsabilidades internacionais no quadro das missões conjuntas comandadas pelos Estados democráticos
que puderam assegurar a resolução de conflitos e a restauração da segurança e da estabilidade e fizeram do
pós-Guerra Fria um período prolongado de paz nas relações entre as potências sem precedente na política
internacional.
Portugal reconhece que, e cito, «as fronteiras da segurança internacional vão para além das fronteiras
territoriais nacionais do Estado» e Portugal é um dos raros Estados que participou de forma relevante em
missões cruciais em três continentes: na Europa (Bósnia-Herzegovina e Kosovo), em África (Angola e
Moçambique) e na Ásia e Médio Oriente (Líbano, Afeganistão e Timor-Leste).
As Forças Armadas portuguesas, que gostaria de saudar, têm servido sempre com grande distinção em
todas as missões militares internacionais da NATO e da União Europeia. É impossível ignorar a importância da
participação de Portugal nas missões militares internacionais. Essa participação é crucial não só para
consolidar o estatuto e a reputação de Portugal enquanto membro responsável da comunidade internacional
como para fortalecer a sua posição na Aliança Atlântica e na União Europeia. Essa participação é
indispensável para realizar os objetivos permanentes da política externa portuguesa.
Assim, estão definidas três dimensões que me parecem importantes e que definem o quadro de
continuidade política e conceptual do documento das Grandes Opções.
Contudo, gostaria de alertar para que não façamos da continuidade uma condição comodista, pois sendo a
continuidade uma virtude, em alguns casos, quando praticada em excesso transforma-se num bloqueio. E, de
facto, este é o caso das Grandes Opções, como tal, quando se continuam a referir a um Conceito Estratégico
de Defesa Nacional. Por isso, na minha opinião, as Grandes Opções deveriam chamar-se aquilo que são:
estratégia de segurança e defesa nacional.
É fácil entender a razão pela qual tanto a Aliança Atlântica, desde 1950, e a União Europeia, desde 2003,
podem ter conceitos estratégicos enquanto que os Estados podem ter estratégias nacionais.
Aplausos do CDS-PP.
Os Estados Unidos e a maior parte dos nossos aliados ocidentais adotaram esta denominação como a
mais apropriada para identificar a natureza dos documentos formais que definem as principais linhas de
orientação da política de defesa e de segurança.
Certos bloqueios constitucionais legais, mas também mentais, continuam a impedir que a estratégia de
segurança nacional passe a usar o seu nome próprio, mas não impede que estas Grandes Opções definam
um quadro integrado das políticas de defesa e de segurança nacional.
Em segundo lugar, as Grandes Opções representam uma inovação em três áreas relevantes da política de
segurança e defesa na sua procura pelas propostas mais adequadas a um quadro internacional que o
documento refere e define como um quadro de transição de poderes, um quadro de volatilidade, de incertezas
e de imprevisibilidade no contexto internacional, que me parece ser evidente.
O documento, como é costume neste tipo de situações, aponta, e bem, as grandes tendências da política
internacional, da economia internacional e do que está a acontecer no mundo.
Deste modo, e como afirmam as Grandes Opções, definir a política internacional ou, passo a citar, «o
sistema internacional como estando num processo de transição é o mesmo que dizer que está num momento
em que os riscos de guerra entre os Estados estão a aumentar exponencialmente e pode haver uma
transferência de poder que altere profundamente os equilíbrios internacionais.»