8 DE JUNHO DE 2013
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O Sr. Basílio Horta (PS): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É preciso também que tenhamos a coragem de exigir que os
técnicos que nos visitam, e que ao Governo português tantas vezes condicionam nas suas opções de políticas
públicas, integrem aquelas que são as reflexões dos responsáveis políticos destas organizações. É que
também não se explica a um povo que, quando vê na televisão responsáveis políticos do FMI, do BCE e da
Comissão Europeia assumirem erros do programa, assumirem que a austeridade está a ter consequências
mais negativas do que aquilo que era previsto, depois, quando há avaliações do Programa de Ajustamento, as
consequências que os técnicos dessas mesmas instituições impõem a Portugal e aos portugueses estão
totalmente ao arrepio destas reflexões que os seus responsáveis políticos são capazes de fazer.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Reclamar o estatuto de País cumpridor é saber levantar a voz de um País que quer ter um ajustamento que
seja coerente com o esforço que está a fazer. E isso Portugal deve reclamar. Deve exigir permanentemente
uma adaptação do programa à realidade, mas não basta; é preciso exigir que essa adaptação seja feita em
tempo útil.
O Sr. António Braga (PS): — Ouça, Sr. Ministro! Ouça!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — De nada serve andar a fazer revisões de cenário
macroeconómico e revisões das metas do défice se forem feitas depois de a degradação da conjuntura
económica ter sido operada, porque de nada vale essa revisão de metas e esta adaptação do programa se, na
economia, já estão produzidos todos os danos de uma política errada.
É por isso que claramente dizemos que, neste momento, o esforço dos portugueses já foi ao limite do
aceitável. É altura de sermos exigentes com o esforço dos nossos parceiros internacionais.
Aplausos do CDS-PP, do PSD e de Deputados do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, em nome do Bloco de Esquerda, tem a
palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Ouvir, como ouvimos há
momentos, o CDS dizer que temos de ser mais exigentes com o esforço dos nossos parceiros internacionais,
porque nada mais podemos exigir ao País, é dizer que tem de haver consequências destas palavras quando
hoje mesmo votarmos um Orçamento retificativo que exige mais esforços ao País e aos portugueses.
Aplausos do BE.
Não há espaço para a retórica das nuances da análise política num momento tão difícil para o País. Não
pode haver essa irresponsabilidade política de se perder na retórica a verdade das escolhas, e essa é a
exigência que fazemos aqui, hoje, na votação deste Orçamento retificativo.
O Governo já demonstrou que não fala verdade quando diz que este Orçamento retificativo serve para
responder ao Tribunal Constitucional. Não serve! Nada tem a ver com isso!
Este Orçamento retificativo responde à austeridade e ao seu desastre, ao desastre que é a governação
deste Governo; responde à derrapagem fiscal; responde à degradação da economia; responde à recessão e
responde aos efeitos que o desemprego tem nas contas públicas. Nada tem a ver a não ser com o desastre
desta política, e é essa a resposta que este retificativo pretende tapar.
Acusa o Tribunal Constitucional quando, ao espelho, o que vê é a imagem de um Governo que não sabe o
que é a Constituição, mas também não tem um pingo de política para a economia.
Mas mostra também que não fala verdade a maioria quando diz que este Orçamento retificativo não ataca
os rendimentos das famílias. Bem, mas onde estão os rendimentos das famílias a não serem atacados quando