20 DE JUNHO DE 2013
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que mais precisam, que é um mercado para poderem servir os seus produtos e serviços. É disto
fundamentalmente que as empresas precisam, ou seja, é esta redinamização que leva à criação de riqueza
num País, criação de riqueza de que o País precisa também — imagine-se! — para ter capacidade de pagar a
sua dívida. Todo este caminho tem sido negado por parte do Governo.
Por que é que digo que temos de ser consequentes, Sr. Deputado Fernando Serrasqueiro? Porque esta
austeridade e esta lógica política foram introduzidas (para além de outros aspetos passados, mas não vou
chegar agora tão longe) por uma coisa fundamental que se chama Memorando da troica. E enquanto não nos
livrarmos desse Memorando, enquanto não o rejeitarmos liminarmente, estamos, de alguma forma, «colados»
a todo este caminho. Era por isso que gostava de ver uma posição mais clara por parte do Partido Socialista,
uma posição de negação, de facto, de um erro histórico que se cometeu, que foi chamar para cá a troica e
fazer este Memorando que delapidou completamente o nosso País e em relação ao qual há responsáveis
concretos — vai-me desculpar, Sr. Deputado —, que são o PS, o PSD e o CDS.
460 000 novos desempregados foi o que este Governo PSD/CDS fabricou desde que tomou posse e nós,
Sr. Deputado Fernando Serrasqueiro, somos, obviamente, muito sensíveis ao facto de muitos dos
desempregados não terem sequer acesso ao subsídio de desemprego, porque não têm forma de subsistência.
Há, pois, que encontrar formas de gerar subsistência a essas pessoas que estão desempregadas e a melhor
forma de combater esta situação é gerar postos de trabalho e criar emprego. Essa tem de ser a nossa grande
luta!
Há pouco não respondi a uma pergunta, que julgo ser importante, que foi formulada pela Sr.ª Deputada
Inês Teotónio Pereira e que tem a ver com as questões da educação.
Gostava de sugerir à Sr.ª Deputada que lesse um relatório recente da OIT, no qual é estabelecida uma
relação direta entre o aumento da taxa de desempego jovem e a diminuição da taxa de frequência do ensino
superior. Porquê? Porque o aumento da taxa de desemprego jovem, designadamente dos mais qualificados,
leva a que as pessoas das gerações seguintes se desmotivem da frequência do ensino superior, porque
naturalmente pensarão «para que é que estamos a fazer este investimento se o nosso futuro é o
desemprego?».
Ora, se conjugarmos determinados fatores — o desemprego dos jovens qualificados hoje existente em
Portugal, a necessidade da emigração, de que a Sr.ª Deputada Rita Rato falava há pouco, o desinvestimento
brutal que o Governo está a fazer na área da educação ou a opção por modelos desajustados como o ensino
dual, que os senhores estão a pretender implementar — já verificamos qual vai ser a consequência direta disto
tudo: os senhores estão a gerar um modelo que fomenta o desemprego jovem e a desmotivação para a
frequência do ensino superior.
É a isto que chama escolarização? É a isto que chama qualificação? É a isto que chama formação? Não,
Sr.ª Deputada. Isto é um modelo completamente injusto que tem lugar para os ricos, não tem lugar para os
pobres, o que é inaceitável!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Muito bem!
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Pedro Duarte.
O Sr. Rui Pedro Duarte (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, é hoje indubitável que
este Governo é responsável por uma espécie de cisma juvenil que se instalou na sociedade portuguesa, que
já arrastou mais de 40% dos jovens para o desempego e que faz embarcar todos os anos milhares de jovens
para outros destinos que não o nosso País.
A ausência de uma visão estratégica, o desinvestimento em políticas públicas de juventude e a
desresponsabilização direta do Governo numa política de emancipação social dos jovens é bem paradigmático
do que está a ser feito no plano da educação, onde o Governo destrói, todos os dias, expetativas de gerações
e gerações.
As instituições de ensino superior continuam à beira do colapso; universidades e politécnicos resistem ao
garrote orçamental e pugnam pela sua sobrevivência, lutando todos os dias pela manutenção da qualidade do
ensino e dos projetos de investigação que têm vindo a desenvolver. Temos das propinas mais elevadas da
Europa e das famílias com menos rendimento disponível; temos jovens impossibilitados de pagar as suas