28 DE JUNHO DE 2013
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.
O Sr. Basílio Horta (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Creio que hoje é um dia importante
para a economia portuguesa.
Independentemente do discurso puramente parlamentar, que desvia este debate dos temas que aqui estão
em discussão — e é natural e normal que assim aconteça —, a verdade é que hoje estamos confrontados com
um conjunto de propostas que o Partido Socialista, e bem, como disse o Sr. Secretário-Geral, entendeu
apresentar em momento de grave crise económica do País.
É que, não obstante os esforços do Governo do Partido Social Democrata, como disse o Deputado Paulo
Cavaleiro, a verdade é que os números estão aí: na recessão, na dívida externa… Portanto, o Partido
Socialista, como partido responsável a nível nacional que é, entendeu, e bem, apresentar este conjunto de
propostas.
Este conjunto de propostas tem um grande objetivo e um grande destinatário: os destinatários são as
pequenas e médias empresas e o objetivo, como disse o Sr. Dr. António José Seguro, é o de pôr dinheiro na
economia. Pôr dinheiro na economia! Ou seja, aumentar o poder de compra, ou seja, aumentar a oferta
interna.
Aplausos do PS.
Porque 70% da nossa economia está em Portugal e não se compreende que se continue a limitar a oferta
interna quando as empresas, nomeadamente as pequenas e médias empresas, que trabalham internamente
querem clientes. Querem mais clientes, até, do que crédito!
Daí permito-me centrar-me nalgumas medidas importantes.
A primeira é o pagamento da dívida do Estado central e das autarquias locais às pequenas e médias
empresas. E não se diga que há aqui aumento do défice e aumento da despesa pública. Aumento do défice
não há, porque são dívidas reconhecidas por quem emite a fatura e, portanto, já devem estar no Orçamento.
Aumento da despesa pública também não há, porque isso seria dizer que o Estado é caloteiro e não quer
pagar o que deve. Não se pode imaginar isso!
Portanto, o que há é um atraso de seis meses — três meses mais três meses — que é perfeitamente
aceitável para que paguem às empresas. Se for aprovada esta medida, e nós sabemos que há pessoas que
conhecem profundamente as empresas (o Deputado Paulo Batista Santos está a olhar para mim e sabe que é
assim), sabem bem que isto é uma revolução na economia portuguesa. Ou seja, muitas empresas podem
fechar, e algumas estão a fechar com dívidas de dois e três anos, não fecharão e muitas outras terão,
novamente, uma grande capacidade de intervenção na economia. É uma medida fundamental e não se
entende por que é que em momento de crise não pode ser tomada.
Diria mais: é uma medida do Estado de direito, como do Estado de direito é também a composição entre
crédito e débito das empresas face ao Estado. Não se entende que uma empresa que tem um crédito de 1000
sobre o Estado e uma dívida de 500 seja executada, como já aconteceu, sem cobrar o crédito que tem.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Basílio Horta (PS): — Não é possível admitir esta situação.
Em relação às exportações, imagina-se e sabe-se o esforço que se tem feito para diversificar mercados,
mas a verdade é que grande parte das nossas exportações está nos países da OCDE.
É importantíssimo renegociar rapidamente as linhas OCDE I e OCDE II, sob pena de a recessão que afeta
esses países atingir, mais uma vez, as pequenas e médias empresas.
É obrigação de um Estado de direito fazer a equiparação dos juros. Compreende-se mal que quando o
Estado se atrasa a devolver o IVA às empresas pague 4% e quando são as empresas que se atrasam a pagar
o IVA ao Estado paguem 6,1%. Porquê? É necessário equiparar estas duas realidades, que em tudo são
iguais.