I SÉRIE — NÚMERO 106
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Propomos, uma vez mais, neste Parlamento, que o IVA da restauração passe para os 13% para estancar a
destruição de postos de trabalho.
Aplausos do PS.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Estas são dez propostas concretas para ajudar as empresas a
preservarem postos de trabalho e a criarem novas oportunidades de emprego.
Aprovar estas propostas permitirá salvar empresas, estimular a economia, resolver problemas de tesouraria
e criar emprego.
É isso que nos move e é com esse objetivo que esperamos obter o apoio de todas e de todos os Srs.
Deputados.
Aplausos do PS, de pé.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados para pedirem
esclarecimentos.
Peço ao Sr. Deputado António José Seguro que, entretanto, informe a Mesa se pretende responder
individualmente ou em conjunto.
Desde já, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António José Seguro, referiu na sua
intervenção a greve geral que hoje decorre em todo o País e eu penso que devemos começar a nossa
intervenção saudando os trabalhadores em greve e assinalando o que é hoje esta greve geral em todo o País.
Trata-se de uma fortíssima greve, de uma greve com impacto no setor público e no setor privado, com o
encerramento ou a paralisação total ou quase total de grandes empresas privadas, de grandes empresas fora
do Estado, como a Lisnave, a Browning, a Petrogal, a Renault Cacia, a Kemet e muitas outras, de grandes
empresas no perímetro das empresas públicas, como os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, a Valorsul e
outras, e com um impacto enorme no setor dos transportes, na administração pública — na saúde, na
educação, na segurança social, na justiça —, na administração local e até com progressos significativos de
adesão à greve em setores de maior precariedade e pressão, como é o setor da grande distribuição, e ainda
noutras áreas.
Muitos trabalhadores fizeram greve pela primeira vez. Muitos trabalhadores em situação precária fizeram
greve, demonstrando que é preciso, é indispensável e é inadiável lutar contra esta política e defender os
direitos de quem trabalha.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Esta greve não deixa, não pode deixar indiferente o Governo. O
Governo sofre um abalo irreparável com esta greve, um Governo de que já se sabia não ter a base social de
apoio que lhe legitimasse a aplicação das políticas que está a apresentar e que vê comprovado com esta
greve que não há País que aguente a continuação deste Governo e da sua política.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Uma greve que é e foi indispensável, porque é uma greve para termos
mais trabalho, para termos mais emprego, para termos melhores salários e reformas, para termos direitos
dignos para que quem trabalha não seja uma mercadoria de usar e deitar fora, como o Governo pretende com
a legislação com que quer avançar, seja para a administração pública seja para o setor privado.
Uma greve que é uma greve construtiva, porque quer demitir este Governo e exigir outra política e porque
quer uma política de crescimento e emprego, uma política de criação de riqueza, uma política que ponha o
País a produzir, que ponha o País a distribuir melhor a riqueza, que ponha o País a fazer aquilo que é preciso
para romper com esta espiral de desagregação e de recessão.