I SÉRIE — NÚMERO 112
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reconhecimento de qualificações profissionais adquiridas num determinado Estado-membro e o
reconhecimento destas por parte do Estado-membro de acolhimento.
Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados, é precisamente sobre a matéria das
empresas de manutenção e entidades inspetoras de instalações de elevação que hoje discutimos e sobre a
qual versa a proposta de lei em questão, proposta onde estão contempladas e salvaguardadas questões
quanto ao reconhecimento mútuo ao nível de procedimentos, requisitos, qualificações profissionais adquiridas
fora do território nacional, requisitos de acesso e exercício de atividade quanto à idoneidade e capacidade, ao
quadro de pessoal técnico, aos técnicos responsáveis pela manutenção e pela conservação, ao seguro de
responsabilidade civil e à incompatibilidade do exercício da atividade.
Ainda que, em sede de especialidade, possam ser aditadas sugestões, temos já o suporte, concordância e
aprovação genérica dos diplomas obtidos através dos pareceres emitidos pelos governos das Regiões
Autónomas da Madeira e dos Açores, das assembleias legislativas regionais, da Associação Municipal de
Municípios Portugueses, da Ordem dos Engenheiros e da Ordem dos Engenheiros Técnicos, da Confederação
Empresarial de Portugal bem como da Comissão de Regulação do Acesso a Profissões.
Para o PSD, todas as iniciativas que, tal como esta, visem facilitar o exercício da liberdade de
estabelecimento e da livre prestação de serviços, mas, sobretudo, o reconhecimento de qualificações
profissionais que contribuam para aumentar uma salutar concorrência são ações de primordial importância que
interessam ao consumidor.
Trata-se de propostas que merecerão sempre, da nossa parte, uma atenção redobrada para que,
integrados no espaço europeu, procuremos uniformizar normas e regulamentos que sejam coerentes com a
nossa realidade, mas que sirvam, acima de tudo, os nossos cidadãos.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Mais uma
vez, estamos perante uma iniciativa legislativa do Governo no sentido de aprofundar a famosa e sacrossanta
diretiva dos serviços e da liberalização, a diretiva Bolkestein.
A oposição do PCP não se limita a profundas discordâncias relativas a processos de aprofundamento
neoliberal que, ao invés do que anunciam, terminam em maior concentração e centralização económica.
Este rumo a que tem de se pôr cobro conduz-nos para níveis de maior precariedade e insegurança, piores
serviços públicos e para a mercantilização e privatização de serviços essenciais da competência dos Estados
que passam a constituir novos negócios.
Falamos, por exemplo, da certificação, reconhecimento de qualificações e competências e até de
licenciamentos.
É introduzido o reconhecimento tácito no setor em que a segurança de instalações e de pessoas deve estar
em primeiro lugar.
Apesar de se referirem as Ordens no reconhecimento das qualificações profissionais com origem em outros
países, abre-se a porta para que a Direção-Geral de Energia e Geologia possa delegar competências em
matéria de reconhecimento das empresas de manutenção e das entidades inspetoras, de receção de
comunicação prévia das entidades em regime de livre prestação de serviços, de reconhecimento de
qualificações profissionais e de realização de auditorias que lhes estejam confiadas através da presente lei.
Em suma: privatizar.
Uma vez mais, insiste-se em colocar profissionais com diferentes formações em competição pela
competência, desrespeitando-se o Estado ou as entidades públicas pela definição efetiva das exigências e de
qualificações e competências concretas dos profissionais em estrita articulação com as associações de
profissionais, independentemente da forma jurídica que estas assumem.
Em conclusão, sob a capa da liberalização e da retirada de barreiras desnecessárias ao acesso à profissão
e à atividade económica, promove-se um rumo que conduz à concentração, ignoram-se as empresas em
atividade, hoje reconhecidas e certificadas, em especial as micro, pequenas e médias empresas, impondo-se,
mais uma vez, a concentração e a centralização do capital.