11 DE JANEIRO DE 2014
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Eleito, por diversas entidades e publicações especializadas, como um dos melhore futebolistas do mundo
do século XX, Eusébio foi escolhido como o jogador de ouro pela Federação Portuguesa de Futebol,
destacando-o como o seu melhor praticante dos últimos 50 anos, no âmbito das comemorações do jubileu da
UEFA, em 2003.
Autêntica lenda do desporto português, o prestígio de Eusébio cedo superou as fronteiras nacionais. De
organismos internacionais ao mais anónimo do cidadão, Eusébio granjeou a admiração de muitos. Levou o
nome de Portugal aos quatro cantos do mundo, tendo visto o seu nome ser dado a ruas de várias localidades
por esse mundo fora, o seu nome gravado na galeria da fama em Manchester, em Inglaterra, ou as suas
pegadas no cimento da calçada da fama do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro; iniciativas que
demonstram a admiração e respeito que granjeava no mundo inteiro, como desportista e homem.
Para Portugal e para os Portugueses, Eusébio é muito mais do que um jogador de futebol. É símbolo
nacional, é símbolo agregador da nossa memória coletiva.
Eusébio foi, Eusébio é embaixador de Portugal; um dos grandes da nação: irrepetível, marcante e
incontornável.
Nesta hora, que é mais de agradecimento e homenagem do que de despedida, a Assembleia da República
presta um merecido tributo à sua memória e endereça à sua família respeitosas e sentidas condolências.»
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís
Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Creio que não será fácil, no final
desta semana, acrescentar muito a tanto quanto foi dito quer em Portugal quer um pouco por todo o mundo
relativamente àquilo que foi a vida e a prestação desportiva e cívica de Eusébio.
Naturalmente que o Parlamento, como Casa onde está representada a pluralidade da vontade política do
povo português e também, com isso, todo o povo português, não poderia ficar indiferente a um acontecimento
que tanto marcou a vida do nosso País e a uma personalidade que tanto marcou, e que vai continuar a
marcar, a vida do nosso País.
Sobre as características do Eusébio enquanto desportista, o seu talento, fomos esta semana confrontados
com o reviver de grandes momentos que nos trouxeram à memória a capacidade que tivemos de, em
Portugal, ter alguém que foi o melhor entre os melhores em todo o mundo.
Por isso, o palmarés que o Sr. Presidente acabou de descrever elucida bem o fenómeno que, sobretudo na
década de 60, constituiu a afirmação de uma equipa, o Benfica, e também de uma Seleção Nacional, a
portuguesa, em todo o mundo.
Mas a vida de Eusébio conseguiu ultrapassar a fronteira do seu talento desportivo e entrar naquilo que é o
coração e a identidade de uma nação.
Objetivamente, a sua simplicidade, a sua generosidade, o seu fair play foram a alavanca que motivou o
facto de todos, independentemente das preferências clubísticas, independentemente de diferenças de opinião
noutros domínios, se aproximarem e congregarem a vontade e o orgulho de ser português em volta de uma
figura como a do Eusébio.
Não escondo que a mim, pessoalmente, de entre os vários vídeos que nesta semana foram sendo
mostrados relativamente à carreira desportiva e cívica do Eusébio, aquele que mais me marcou e que diz, do
meu ponto de vista, tudo sobre a dimensão humana desta figura, desta personalidade, foi aquele que, no final
da vitória do Benfica ao Real Madrid, na Taça dos Campeões Europeus, mostrava o Eusébio — que tinha sido
o homem do jogo, que era naquele momento, porventura, a pessoa mais idolatrada de todo o mundo
desportivo, e não só —, quando foi levado em ombros pelos adeptos do Benfica, agarrado à camisola que
trazia por dentro dos calções daquele que era o seu ídolo e que tinha sido seu adversário naquele momento.
Isto demonstra o respeito por aqueles que faziam o mesmo que ele e pela forma como o faziam,
independentemente de aquele ser um dia em que a vitória lhe tinha sorrido, a ele.
Por isso, Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, é que Eusébio se foi afirmando, pela sua forma de ser e
por aquilo que tinha sido também a sua carreira desportiva, como uma das marcas de Portugal e, por isso
mesmo, como diz o voto, como um «embaixador de Portugal», não só por chegar a todos os cantos do mundo,