I SÉRIE — NÚMERO 41
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orçamentais; laboratórios associados estão críticos. Para onde vai esse investimento? É uma pergunta muito
concreta.
Irregularidades em todo este processo: demissões, alterações, avaliações de painéis… É necessária uma
resposta acerca dessas acusações, às quais o Governo tem de responder, pois põem em causa todo este
processo e, inclusivamente, levantam a suspeita de manipulação de resultados.
Houve ou não discriminação das ciências humanas e sociais neste processo? Há ou não uma tentativa de
impor determinados grupos contra outros? Sr. Ministro da Educação, houve ou não discriminação daqueles
que, pela primeira vez, se candidataram a bolsas, em detrimento de outros que já eram candidatos
anteriormente?
São tudo questões muito concretas, às quais o Sr. Ministro tem preferido opor o seu silêncio e a Sr.ª
Secretária de Estado, finalmente, disse qualquer coisa, mais ou menos aludindo à ideia de que os bolseiros
individuais terão de mudar de profissão, não poderão ficar todos como investigadores, mas é esse debate que
nós teremos aqui que fazer, porque é um debate cara a cara com a comunidade científica, onde o Governo
está a perder o pé e onde o Governo perdeu, já neste momento, toda a credibilidade.
Esperamos respostas e esperamos, sobretudo, que o Sr. Ministro da Educação não se deixe ficar para o
final do debate para fazer uma declaração sem contraditório. Não creio que vá conseguir escapulir-se com
isso!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula
Baptista.
A Sr.ª Paula Baptista (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Há uma
semana, o PCP requereu a vinda do Sr. Ministro da Educação à Assembleia, face ao corte de 90% das bolsas
de doutoramento e pós-doutoramento da FCT.
O PSD e o CDS rejeitaram, mas as responsabilidades têm hoje que ser assumidas.
Sob o pretexto de um novo paradigma, o Governo pretende pôr a investigação e a ciência ao serviço dos
grandes grupos económicos, em detrimento do desenvolvimento económico e social do País.
Para justificar a redução drástica do financiamento às bolsas individuais de doutoramento e pós-
doutoramento, o Governo PSD/CDS tem invocado a opção pelo financiamento de programas doutorais. Mas
esta não é uma alternativa: em 2012, do total de 238 projetos a concurso foram aprovados apenas 58.
Sucessivos Governos têm recorrido à precariedade de mais de 25 000 investigadores para responder a
necessidades permanentes do sistema. Isto é inaceitável!
Estes trabalhadores são os mais qualificados do País, mas, no entanto, estão sujeitos à realização de
trabalho não remunerado, dão aulas a custo zero, não têm direito à proteção social na doença, no desemprego
e a subsídio de férias ou de Natal.
Sr. Ministro, assume aqui a responsabilidade do desemprego de mais de 5000 investigadores? É o próprio
Governo que os empurra para o desemprego;…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Baptista (PCP): — … é o próprio Governo que os empurra para a emigração!
São estes os sinais positivos que tem a apresentar ao País? Os ditos «sinais positivos», como diz o
Governo, não colidem com a realidade vivida pelos portugueses no seu dia a dia — na saúde, na educação,
nos salários, nas pensões — e não colidem também com o desenvolvimento do Sistema Científico e
Tecnológico Nacional, como setor estratégico do País?
O Sr. David Costa (PCP): — Muito bem!