I SÉRIE — NÚMERO 70
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O Sr. António José Seguro (PS): — Estamos a falar de um aumento de poucos euros, mas que é
fundamental para ajudar essa parte da população portuguesa a viver melhor. E se reparar bem nos dados e
compará-los com os de 2011, verificará que há, hoje, o dobro das atividades económicas que têm 10% dos
trabalhadores que ganham o salário mínimo nacional.
Quero com isto dizer que o rendimento do salário desses trabalhadores tem vindo a diminuir e o contributo
que pode ser dado, neste momento, é um contributo de solidariedade, é um momento de emergência nacional.
Por isso, renovo aqui esta proposta de aumentar o salário mínimo nacional como um forte contributo para
ajudar a melhorar a vida dos trabalhadores portugueses com menos recursos.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Conclui-se aqui as perguntas do PS.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa para formular perguntas.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, permita-me uma nota bem-humorada para procurar
distender esta tensão que existe. É que ao ouvir as intervenções que me precederam, lembro-me sempre
daquele ditado: «Diz o roto ao nu: porque não te vestes tu?».
Risos do PCP.
No fundo, esta é a discussão a que aqui assistimos.
Sr. Primeiro-Ministro, respondendo ao seu desafio e quanto à questão da dívida, convidamo-lo a estar
presente no próximo dia 16, aqui, na Assembleia da República, tendo em conta o nosso agendamento
potestativo para discutir um projeto de resolução, sobre a renegociação da dívida. Foi feito o desafio e eu
respondo com um apelo à sua presença, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas podemos falar hoje!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas vamos à essência destes debates.
Sr. Primeiro-Ministro, recentemente colocaram-lhe uma pergunta sobre que lugar pensaria ocupar na
história do nosso País e disse que não sabia. Sr. Primeiro-Ministro, será, com certeza, um lugar de um
Primeiro-Ministro de um governo que mais pobres conseguiu criar no nosso Portugal democrático.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O Governo e a maioria que o sustenta habituaram-nos a usar as
estatísticas com a afirmação de que agora é que vai e de que, pelos sinais, estamos no bom caminho.
Falemos, então, das estatísticas.
Sr. Primeiro-Ministro, há umas semanas, como se lembra, perguntei-lhe como justificava o facto de,
perante o aumento da exploração, do desemprego, do empobrecimento, da carga fiscal que recai sobre
milhões de portugueses, aumentar o número de milionários e das fortunas dos mais ricos. Respondeu, então,
que, ainda assim, os ricos tinham sido mais penalizados…
O Sr. Primeiro-Ministro: — É verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … e protegidos os mais pobres. E, pronto, ficou dito, tendo em conta
que a última palavra é sempre sua.
O problema é que veio o relatório do INE — com um ano de atraso, diga-se! —, que demonstra que em
dois anos o seu Governo aumentou em 515 000 o número de pobres em Portugal, para já não falar daqueles
que já nem direito têm a ser pobres, são menos do que isso. São 2,5 milhões em risco de pobreza ou na
pobreza — pobreza que resulta do desemprego, dos salários baixos… Como sabe, hoje, em Portugal, há