I SÉRIE — NÚMERO 109
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A análise da execução orçamental permitiu, ainda, reavaliar o conjunto de pressões e riscos no ano
corrente.
Alguns destes fatores já tinham sido identificados em abril, aquando da apresentação do Documento de
Estratégia Orçamental, mas apenas agora foram refletidos na conta das administrações públicas. Decorrem
essencialmente da reavaliação do impacto esperado das medidas transversais definidas para 2014,
nomeadamente a execução mais tardia de programas de rescisões por mútuo acordo e da utilização do
sistema de requalificação de trabalhadores.
Por um lado, o menor volume de poupanças estimado para 2014 constitui uma pressão adicional nas
despesas com pessoal, ainda que parte do impacto transite para 2015.
Por outro lado, o alargamento dos programas de rescisões a técnicos superiores e docentes permite obter
um maior volume de poupanças a médio prazo, embora se traduza num custo superior com indemnizações no
ano presente.
Desde a elaboração do DEO, procedeu-se a uma nova avaliação global dos riscos, agora refletida nesta
proposta de segunda alteração ao Orçamento, de entre os quais se destacam a execução de uma
transferência adicional para os hospitais E.P.E. e a revisão em baixa do saldo da administração local. Por
oposição, a incorporação da informação mais recente resultou também na revisão em baixa das estimativas de
despesa em determinadas rubricas, sendo de salientar o volume adicional de poupanças esperado com
parcerias público-privadas.
Importa também salientar que esta proposta de alteração não só incorpora as pressões orçamentais
identificadas até julho como também visa refletir a incerteza sobre a execução orçamental até ao final do ano,
pelo que a dotação provisional é mantida num nível considerado adequado. Mantém-se, assim, um adequado
e permanente controlo da despesa, porque controlo não significa apenas contenção da despesa, assenta
igualmente na identificação de riscos, na sua monitorização e, caso se materializem, na sua acomodação.
Por último, e reforçando o empenho do Governo em aumentar a transparência orçamental com a
apresentação desta proposta de alteração, releva ainda a identificação de um conjunto de operações que
poderão ter um impacto contabilístico no saldo orçamental.
Uma vez que os efeitos de algumas destas operações — de caráter pontual — dependem ainda da
avaliação das autoridades estatísticas ou mesmo da versão do Sistema Europeu de Contas a utilizar, os
mesmos não foram considerados na conta das administrações públicas apresentada. Não obstante, as
operações foram descritas em detalhe no relatório que acompanha a proposta de lei, permitindo a avaliação
completa do exercício orçamental.
Mais ainda, o impacto das operações no stock da dívida pública foi já tido em conta na nova estimativa
apresentada para o final de 2014. Este efeito é, na verdade, o principal fator na origem da ligeira revisão em
alta apresentada.
De um modo geral, a reavaliação do exercício orçamental permitiu concluir que as pressões identificadas
são inteiramente acomodadas pela revisão em alta da estimativa de receita fiscal, pela melhoria esperada no
saldo da segurança social e pelo controlo adicional de rubricas da despesa. Deste modo, a presente proposta
de alteração ao Orçamento assegura o cumprimento do limite do défice para este ano sem recurso a medidas
de consolidação orçamental adicionais.
Ainda assim, é importante termos presente que os compromissos orçamentais e a necessidade de reduzir
o nível de dívida pública vão muito além do ano de 2014. É imperativo manter a disciplina orçamental no
futuro, ajustando perspetivas, revendo estimativas e retificando o Orçamento quando necessário. E é
fundamental fazê-lo com a mesma determinação dos últimos três anos, porque a sustentabilidade das finanças
públicas não pode ser uma preocupação apenas em períodos de emergência, tem de ser um objetivo
permanente, sob pena de perda da credibilidade e confiança acumuladas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Inscreveram-se nove Srs. Deputados para pedirem esclarecimentos
à Sr.ª Ministra. O Governo já informou que a Sr.ª Ministra responde conjuntamente aos primeiros seis pedidos
de esclarecimento e depois aos seguintes, pelo que tem, desde já, a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.