I SÉRIE — NÚMERO 3
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Não é admissível que faltem mais de uma centena de médicos de família e muitos mais enfermeiros na
região; não é admissível que haja 184 151 pessoas, seres humanos, com nome, com família, sem médico de
família; não é admissível que a precariedade seja cada vez mais grave e as condições de trabalho sejam cada
vez mais insuportáveis para os profissionais do Serviço Nacional de Saúde; não é admissível que vão
encerrando ou cortando serviços nos centros de saúde e extensões da península de Setúbal, e não só — veja-
se o que aconteceu, e as pessoas que o digam, em Alhos Vedros, na Trafaria, em Sesimbra, onde o serviço
deixou de funcionar 24 horas, com os problemas de mobilidade e de transportes que as pessoas sentem todos
os dias!
Os Srs. Deputados falam nesses milhões que foram orçamentados para os hospitais, mas isso serviu, e
não chegou, para tapar e pagar as dívidas que se acumularam durante anos e anos de subfinanciamento,
porque, em relação aos investimentos necessários, às contratações importantíssimas e indispensáveis, fazem
um ar pesaroso e dizem que não há dinheiro.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Estão a criticar-nos por estarmos a resolver o problema?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não há dinheiro, mas, por obra do acaso e da Conferência de Líderes,
estiveram agora mesmo, no ponto anterior da nossa ordem de trabalhos, a debater o processo do BES, que já
leva com 4900 milhões de euros de dinheiros públicos para o Novo Banco.
É por isso que não há dinheiro para os hospitais funcionarem, para contratar os profissionais necessários,
para manter os centros de saúde, para investir em novas unidades e para defender e desenvolver o Serviço
Nacional de Saúde. E é por isso, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, que esta iniciativa de Os Verdes é
oportuna, é importante e dá voz à luta que todos os dias é travada no terreno pelos profissionais e utentes da
península de Setúbal.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Vitorino.
O Sr. Bruno Vitorino (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os comunistas apresentam esta iniciativa
partindo de um pressuposto a que já estamos habituados:…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — São Os Verdes que apresentam a iniciativa!
O Sr. Bruno Vitorino (PSD): — … antes, estava tudo bem no Serviço Nacional de Saúde, agora, com este
Governo, passou a estar tudo mal; há um desinvestimento, até propositado, com vista à privatização —
abanando sempre esse papão —, com vista a favorecer o grande capital, os grandes grupos privados, e nada
se faz, está tudo mal e cada dia que passa tudo fica pior.
É sempre este o cenário no distrito de Setúbal, na área da saúde, aliás, em termos nacionais, em todo o
País, e em todas as áreas. Felizmente, não é assim!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Bruno Vitorino (PSD): — Não só não estava tudo bem antes, como a dívida ia aumentando ao ponto
de se tornar insustentável, Sr. Deputado Bruno Dias. Portanto, devia ter dito o que disse em relação à dívida
do Serviço Nacional de Saúde, mas não olhando, naturalmente, para estas duas bancadas, do PSD e do CDS-
PP.
Continua a haver problemas no Serviço Nacional de Saúde, e vão sempre existir, mas, felizmente, as
dívidas têm estado a ser pagas e estamos, efetivamente, a tentar tornar o Serviço Nacional de Saúde
sustentável para outras gerações.