10 DE OUTUBRO DE 2014
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Promover estratégias de gestão mais integradas dos serviços de abastecimento de água e de saneamento
em alta e em baixa, como forma de maximizar as sinergias operacionais de processos com benefícios
significativos para os consumidores;
Reorganizar corporativamente o grupo Águas de Portugal, proporcionando reduções de custos
operacionais de 23% até 2020 e de 32% até 2030, face aos atuais contratos.
Este é o caminho que assegura o estabelecimento de objetivos estratégicos e operacionais conferindo uma
nova visão para o setor. É uma estratégia centrada na gestão eficiente dos ativos, por forma a assegurar, por
um lado, a qualidade da prestação dos serviços e, por outro, a sustentabilidade intergeracional do ciclo de vida
deste setor.
Isto devolverá maior transparência e rigor ao nível da formação dos tarifários e, simultaneamente, um maior
controlo do impacto social decorrente das correções tarifárias, em particular junto das populações mais
desprotegidas, garantindo a universalidade e a acessibilidade dos serviços e dotando os utilizadores de mais e
melhor informação sobre o serviço que lhes é prestado.
É uma estratégia que não colide, muito pelo contrário define como vetor estratégico a premissa implícita
nesta iniciativa legislativa dos cidadãos, o direito à água e ao saneamento, tal como relembram os
peticionários através da Resolução n.º 64/292, da Assembleia Geral das Nações Unidas, que consagra «o
direito à água potável e ao saneamento como direito humano fundamental à plena fruição da vida e de todos
os direitos humanos». Uma resolução de enorme relevância que reconhece formalmente este direito, pela
primeira vez, e apela aos Estados e às organizações internacionais que providenciem os recursos financeiros,
que contribuam para o desenvolvimento de capacidades e que transfiram tecnologias, de modo a ajudar os
países, nomeadamente os países em vias de desenvolvimento, a assegurarem a qualidade, a segurança e a
universalidade do acesso à água e ao saneamento para todos a custos razoáveis. Repito, a custos razoáveis!
Assim, e justamente pelo facto de a água se tratar de um «bem essencial à vida e ao bem-estar humano»,
o debate político-partidário deve partir do pressuposto de que, sendo a água um bem escasso e fundamental à
vida humana, devemos todos preocupar-nos em assegurar a sua sustentabilidade intergeracional.
Neste contexto, e agradecendo, desde já, a iniciativa legislativa dos cidadãos, não temos dúvida que a
solução que melhor serve esse fim passa pela reestruturação que o Governo está a levar a cabo e que, em
traços gerais, aqui se apresentou.
Assim, no entender do CDS, o presente projeto de lei não terá o nosso acolhimento.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Coimbra.
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A água é um bem essencial à
vida. Um bem com funções sociais, ambientais e económicas de grande relevância, sendo por isso alvo de
máxima preocupação por parte dos cidadãos e, de forma muito particular, por parte dos agentes políticos e
governamentais.
Hoje, discutimos nesta Câmara uma iniciativa legislativa de cidadãos, que, desde já, saúdo, reconhecendo
o seu ato de cidadania, marcado pelo assinalável número de signatários e consubstanciado no projeto de lei
apresentado.
Nos últimos 20 anos, o setor das águas e saneamento é dos que têm sofrido avanços mais significativos no
nosso País, com indicadores muito favoráveis de evolução no acesso e na qualidade de serviços prestados.
Assim, 95% dos portugueses dispõem hoje de serviços de abastecimento público de água; 99% da água é
controlada e de boa qualidade; 80% das águas residuais urbanas são tratadas; 300 praias portuguesas têm
bandeira azul.
Todos nos congratulamos, certamente, com estes avanços, mas todos temos também a obrigação de não
ignorar os persistentes problemas de sustentabilidade deste sector, que têm de ser corrigidos, sob pena de
colocarem em risco todos os avanços conseguidos até hoje, bem como o futuro destes serviços públicos
essenciais.
Na verdade, o setor tem um défice tarifário de 600 milhões de euros; tem dívidas dos municípios de 500
milhões de euros; 75% dos municípios geram apenas 27% dos proveitos e têm um prejuízo anual acima dos