16 DE OUTUBRO DE 2014
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que seja, a União da desejável política externa e de segurança comum (PESC), que proporcione o reforço de
participação na cena mundial, nomeadamente nos domínios da regulação do livre comércio e dos desafios
globais, tais como as alterações climáticas, o terrorismo, o tráfico de pessoas, os refugiados, a pobreza
extrema.
A União Europeia nem sempre fez as escolhas políticas adequadas, muitas vezes não as fez em tempo
oportuno e alguns procedimentos não tiveram a adequada transparência — conhecemos a história. Mas essa
mesma União Europeia nunca deixou de valer a pena. Estamos, afinal, a falar da União que, com 7% da
população mundial, produz 25% da riqueza global e financia 50% da despesa social, Srs. Deputados do Grupo
Parlamentar do PCP.
A adesão de Portugal ao projeto europeu abriu-nos ao exterior, consolidou a relação com os nossos
parceiros naturais, ancorou a nossa democracia, proporcionou novos horizontes aos portugueses e contribuiu
decisivamente para a melhoria das condições de vida.
Não posso ser exaustivo. Recordo apenas o seguinte:
A liberdade de circulação, de estabelecimento e de prestação de serviços.
As diretivas sociais e a formação profissional. De onde vieram os fundos que permitiram a formação de
milhares de trabalhadores?
Os tratados comerciais beneficiaram ou não as empresas portuguesas e os seus trabalhadores?
O Programa Erasmus. Quantos dos nossos jovens têm estudado noutras universidades e quantos jovens
estrangeiros vieram até nós?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Carlos Costa Neves (PSD): — E quantas universidades portuguesas beneficiaram com a
participação em programas de investigação e desenvolvimento?
Pergunte-se às empresas portuguesas se preferem pagar direitos alfandegários para colocarem os seus
produtos em Espanha, na Alemanha ou na Suécia!
E quanto ao apoio ao nosso desenvolvimento? Desde que aderimos à, então, Comunidade Económica
Europeia e até ao final de 2013, Portugal usufruiu de um volume total de fundos superior a 96 000 milhões de
euros, a preços constantes de 2011, o que corresponde a cerca de 10 milhões de euros por dia.
Alguém nesta Sala acha mesmo que Portugal poderia assumir o custo de não pertencer ao euro e à União
Europeia? Quem pagaria a fatura? Naturalmente, os portugueses, todos os portugueses, sem qualquer
exceção. Uma fatura incomportável, um pesadíssimo imposto que ninguém estaria disposto a pagar para
alimentar a «patriótica» política de esquerda ou os «amanhãs que cantam» do PCP.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Carlos Costa Neves (PSD): — Entende o PCP que a sua proposta visa «preservar e melhorar a
situação material do povo, defender e recuperar a capacidade produtiva e acelerar o crescimento económico e
abrir potencialidades ao desenvolvimento do País».
O Sr. João Oliveira (PCP): — Até que enfim começou a falar bem! Exatamente!
O Sr. Carlos Costa Neves (PSD): — Quem não o quer? Quem não o quer?! Mas não será certamente com
estas propostas que agora nos são apresentadas que atingiremos esses objetivos.
Não pagar a dívida, sair do euro, nacionalizar a banca e o resto, abandonar a União Europeia e,
naturalmente, a NATO, penso, cortar as ligações via Internet para o exterior, não termos acesso ao YouTube,
como propõe o Partido Comunista Português,…
Vozes do PCP: — Eh!
O Sr. Carlos Costa Neves (PSD): — … é cortar com o mundo.