I SÉRIE — NÚMERO 18
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O Sr. Ministro da Economia: — E, para terminar, deixe-me dizer que acho que a Portugal Telecom é uma
empresa mais feliz pelo facto de, pela primeira vez na sua história, não ter um ministro de um Governo a
«meter o nariz onde não é chamado».
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, peço desculpa, permite-me o uso da palavra?
A Sr.ª Presidente: — Pede a palavra para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Para solicitar a distribuição de um documento, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Queira, então, identificar o documento, Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, os 7,6% de quebra no crédito concedido às empresas, que
vem na página 88 do Boletim do Banco de Portugal, desmentindo cabalmente as afirmações do Sr. Ministro, é
só um exemplo, vale o que vale, mas é um exemplo do que está a acontecer.
A Sr.ª Presidente: — Seguimos, então, para as próximas perguntas, que são três, a primeira das quais
cabe ao PS.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Paula Vitorino.
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro da Economia, de facto, é sempre uma
grande expectativa aguardar pela sua intervenção, porque a sua presença nesta Assembleia significa sempre
momentos de grande ironia, roçando até, às vezes, momentos zen.
Num Orçamento que perpetua a austeridade, que agrava, mais uma vez, a carga fiscal, o Sr. Ministro
continua aqui a vender o sonho do crescimento, do regresso do investimento público, da retoma da economia.
Sr. Ministro, de facto, é um encanto!… E é um encanto, porque começa a falar de rankings atrás de rankings e
de diversificação e, às tantas, Sr. Ministro, está a diversificar para o mundo do faz-de-conta. Pensei que o Sr.
Ministro ia falar do ranking da facilidade de concretização de negócios, em que se apressou tanto a dizer que
Portugal tinha subido seis níveis, pois imaginei que viesse dizer que se tinha enganado e que, afinal,
infelizmente, Portugal tinha descido dois níveis.
Aplausos do PS.
Mas, Sr. Ministro, sendo este o Governo que conseguiu uma marca histórica de três anos de recessão, que
diabolizou o investimento público, que promoveu a depressão do investimento privado, que teve um recuo de
várias décadas… O Sr. Deputado Hélder Amaral, enfim, diz que, após décadas e décadas, finalmente, vai
crescer o investimento privado, quando sucede o contrário… Também deve estar contagiado pelo momento
zen imposto pelo Sr. Ministro…
Risos do PS.
De facto, a nova Comissão do Sr. Juncker aposta no investimento para combater toda a depressão a nível
europeu, que foi provocada pelo excesso de austeridade, e apresenta um programa de 300 000 milhões de
euros. E, na realidade, o Sr. Ministro também chega aqui com alguma bagagem: uma queda de 15% do
investimento em 2012 e de 6,3% em 2013 e, contrariamente àquilo que disse — deve ser o jet lag —, foram
agravadas as condições de financiamento das empresas, pelo que, neste momento, pelo menos em agosto,
temos quebras da facilidade de investimento de cerca de 8%.
Mas, efetivamente, a somar a tudo isto temos a coragem do Sr. Ministro ao dizer, e pedíamos que o
confirmasse, que o caminho da recuperação passa, definitivamente, pela atração do investimento — estou a
citar uma afirmação do Sr. Ministro —, sendo que a sua previsão de crescimento é insignificante, porque é de