1 DE NOVEMBRO DE 2014
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A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Ministro, reafirmo, lamentavelmente, que este Governo, de
facto, beneficia os grandes interesses e carrega, carrega, carrega na população!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Por um princípio de coerência, o Sr. Ministro tem agora o direito de responder.
Faça favor, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia: — Sr.ª Presidente, não estamos
perante um exercício de defesa da honra, mas de ofensa da honra. Contudo, não vou perder tempo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia: — A Sr.ª Deputada fez,
basicamente, a defesa do orgulho ferido. Espero que encontre talento e inspiração para apresentar propostas,
em breve.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos prosseguir o debate.
Para as intervenções que se seguem, a Mesa registou a inscrição da Sr.ª Deputada Ana Catarina
Mendonça, do PS, e do Sr. Deputado Miguel Santos, do PSD.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendonça.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.
as e Srs.
Deputados: O Sr. Primeiro-Ministro concluiu ontem a sua intervenção confessando — e as palavras são suas
— «que colocou a fasquia alta para 2015». Seria, aliás, interessante se não conhecêssemos o que sempre fez
às fasquias altas que coloca nos Orçamentos do Estado.
Em quatro Orçamentos apresentados por este Governo, houve oito retificativos em vários quadros
macroeconómicos e nenhuma das metas otimistas inscritas foi cumprida.
Aliás, há uma expressão recorrente nas palavras do Sr. Primeiro-Ministro que sintetiza a inconsistência da
sua estratégia para o País. Disse o Sr. Primeiro-Ministro o seguinte: «2015 é um momento de viragem na
recuperação dos rendimentos dos portugueses e do seu poder de compra». Parece um bom anúncio. Mas,
então, porque será que nem o Partido Socialista, nem os portugueses o saúdam? Porque o mesmo Primeiro-
Ministro, no dia 28 de junho de 2013, disse, em Bruxelas, que contava, e cito, «até ao final do ano ter uma
viragem na tendência económica.» Portanto, a viragem ontem anunciada aconteceria um ano mais tarde do
que o Sr. Primeiro-Ministro contava.
Já no dia 21 de dezembro de 2012, desta vez aqui, na Assembleia da República, disse que 2013 iria ser, e
cito, «um ano de viragem». A acontecer, não chegaria um, mas dois anos atrasada.
Podem ainda surpreender-se: o mesmo Primeiro-Ministro também disse aqui, na Assembleia da República,
no Dia de Reis de 2012, que, e cito, «a viragem económica aconteceria em 2012».
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, se a viragem acontecesse mesmo em 2015, como ontem foi anunciado,
chegaria com, pelo menos, três anos de atraso!!
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, quando Pedro anuncia três vezes um
fenómeno, o mais provável é que tenha estado a brincar com os portugueses ou, então — e acredito mesmo
que não seja o caso, que não tenha estado a brincar —, pura e simplesmente, para si «viragem» é uma
palavra que quer apenas e só dizer «não faço ideia do que se vai passar no País»!
Aplausos do PS.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, o que menos nos preocupa hoje são os seus anúncios. A sua estratégia para os
debates orçamentais pode resumir-se ao facto de surgir aqui com um elemento em cada mão.