I SÉRIE — NÚMERO 19
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É nesse contexto que é tão relevante a questão colocada pelos Srs. Deputados Lino Ramos, Nuno Matias
e Hélder Amaral sobre as interligações.
Habituámo-nos, durante muitos anos, a apostar nas energias renováveis e a tentar cumprir, em termos
domésticos, as nossas metas. Porém, este acordo, que foi basicamente liderado por Portugal e pelo Primeiro-
Ministro, permite criar condições para uma alteração de paradigma em que não seremos apenas bons
cumpridores de metas ambientais de energias renováveis, mas, principalmente, ajudando os outros países a
cumprir as suas metas de uma forma mais eficiente, estaremos a criar condições para atrair para Portugal
investimento e a criar emprego.
Com esta política de interligações, Portugal, estará, por um lado, em condições de exportar energias
renováveis e, por outro lado, estar-se-á a abrir o mercado a mais concorrência. Isso vai permitir baixar custos
e criar valor acrescentado.
As estimativas apontam para 1000 milhões de euros adicionais de aumento do PIB só pelo facto de
podermos exportar energias renováveis e passarmos de 20 000 para 80 000 postos de trabalho nesta área.
Espero, portanto, que muitos dos que defenderam as energias renováveis, mas que não foram capazes de
compatibilizar a aposta nestas energias com a redução de custos aos consumidores, sejam capazes, agora,
de felicitar o Governo por esta alteração de paradigma, que é aplaudida por toda a Europa e que, infelizmente,
ainda não conheceu da parte da bancada do PS um aplauso que me parece justo e adequado. Até porque o
dia 23 de outubro de 2014 será recordado durante muitos anos como o dia em que se abriu a possibilidade
para exportarmos energias renováveis e para criarmos mais emprego.
Neste contexto, é também importante — e foram relevantes as questões colocadas — o autoconsumo.
Confunde-se produção descentralizada com a capacidade de as pessoas poderem produzir energia em casa
para injetar na rede, vendendo a um preço 10 vezes superior àquele que compravam da rede e, portanto,
fazendo os outros pagar no défice tarifário esse benefício que determinados cidadãos puderam gerar.
Ora, a nossa opção é outra: a do autoconsumo. No fundo, é criar condições para que cada um possa
produzir a energia de que necessita em casa, mas não onerar os outros consumidores com rendas e com
subsídios que prejudicam a competitividade do nosso sistema.
Essa aposta veio valorizar a produção descentralizada sem onerar os outros consumidores. Mais uma vez,
provámos que é possível compatibilizar sustentabilidade e competitividade, o que está a ser reconhecido
internacionalmente, até porque muitos países não fizeram isso.
Deparando-se com a «mochila» do défice e da dívida, também herdada por outros Governos, optaram por
travar o setor das energias renováveis, mas Portugal não fez isso. O nosso País atingiu, em 2013, um nível
recorde de instalação de energias renováveis: 1300 MW.
Este Governo, em três anos, instalou 2450 MW de energias renováveis, mas foi capaz, ao mesmo tempo,
de cortar 3400 milhões de euros nos custos que oneravam os consumidores.
É perfeitamente possível conciliar competitividade e sustentabilidade.
Agora, gostava de comentar e de lamentar a intervenção da Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Deputada perdeu a oportunidade de fazer jus ao nome Partido Ecologista «Os Verdes». É
extraordinário que no dia em que o Governo apresentou, uma vez mais, o Compromisso para o Crescimento
Verde e apresentou a reforma da fiscalidade verde, o Partido Ecologista «Os Verdes» não tenha apresentado
nenhuma proposta sobre a reforma da fiscalidade verde.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Infelizmente, os Srs. Deputados não conseguem fazer mais nada do que colocarem-se…
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
Sr.ª Deputada, «verde» sou eu!
Como eu estava a dizer, infelizmente, os Srs. Deputados não fazem mais do que alinhar o vosso discurso
com o discurso que nos últimos dias vi promovido pelas associações que defendem o setor petrolífero.