1 DE NOVEMBRO DE 2014
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Paris acolhe, em dezembro do próximo ano, a cimeira anual das Nações Unidas, onde se espera alcançar
um novo acordo climático depois da tentativa falhada de 2009 em Copenhaga.
Neste contexto, pergunto o que se pode esperar de Portugal e de que modo pode Portugal potenciar essas
conquistas, em termos de player nesta área, de vigor e de voz ativa na sua participação em Paris na procura
de um consenso de um novo acordo climático entre os seus pares?
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é de Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, disse que, ontem, teve
de redobrar a sua atenção para ouvir aquilo que dissemos sobre a fiscalidade verde, porque nem queria
acreditar nas críticas que estava a ouvir. Sr. Ministro, acho que não chega redobrar, tem de triplicar ou
quadruplicar, porque o Sr. Ministro fez uma afirmação falsa.
Ouvi António Mexia a louvar a fiscalidade verde, o mesmo homem que nós todos tivemos oportunidade de
ouvir, com o então Primeiro-Ministro José Sócrates, a dizer que, na zona da barragem do Sabor, só faltava
betão, mas que estava quase! Está a entender, Sr. Ministro? Veja, por favor, quem é que os senhores andam
a servir! Se não nos quer ouvir a nós, oiça António Mexia para ver se chega a alguma conclusão.
Também já estamos habituados a essa brincadeira com as palavras que os senhores gostam de fazer. Por
exemplo «irrevogável» para o Governo significa «revogável já a seguir», «transitório» significa «definitivo» e
não nos venha dizer que «neutralidade» significa outra coisa que não «aumento de impostos», porque é isso
que os senhores fazem, infelizmente, com a fiscalidade verde.
Infelizmente, os senhores usam matéria ambiental para carregar os portugueses com impostos, porque
quando diminuíram o IRC não quiseram saber de neutralidade fiscal e, nessa matéria, o Estado, pura e
simplesmente, deixa de arrecadar receita. Não faz mal, pois não, Sr. Ministro?! É que os senhores andam, de
facto, a servir grandes interesses económicos e carregam sempre sobre as pessoas.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr. ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O Sr. Ministro fala da dependência do petróleo e dou-lhe toda a
razão: Portugal tem uma grande dependência do petróleo. Mas, relativamente à mobilidade, os senhores têm
duas alternativas: ou tornam, por exemplo através da taxa de carbono, insuportável a utilização do carro ou
investem e fomentam a utilização do transporte coletivo e a alteração do paradigma da mobilidade,
designadamente pendular, para o transporte público.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada, já não tem tempo.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Os senhores, na fiscalidade ambiental, não fomentam rigorosamente nada desse novo paradigma
necessário à alteração para o transporte coletivo.
O Sr. Ministro faz, propositadamente, uma confusão entre a produção e o consumo dos sacos de plásticos
e a sua incorreta deposição. Relativamente à produção, Sr. Ministro, não diga que vai descer de 466 sacos
para 50 porque os senhores, depois, não contabilizam os outros sacos que as pessoas vão ter de comprar, por
exemplo, para depositarem o seu lixo.
A incorreta deposição de sacos de plásticos requer uma fortíssima ação de sensibilização sobre os
cidadãos que os senhores se recusam a fazer, uma ação de sensibilização que deu resultado, por exemplo,
relativamente à triagem de resíduos para reciclagem. Ou não deu, Sr. Ministro? Deu!
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.