I SÉRIE — NÚMERO 19
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E o que se passa quanto aos fatores estruturais de competitividade — educação, qualificação, formação,
ciência e tecnologia, inovação, artes, cultura? Pois aqui continua o reino do corte. Não há benesses nem boas
notícias para ninguém.
O corte nas verbas para a educação básica e secundária é um enorme corte que vai degradar ainda mais a
vida de professores e alunos nas escolas. Já seria mau se fosse apenas o desprestígio de um ministro. Mas
não, é o desprestígio de todo um Governo e do próprio País.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, já o disse: este é um Orçamento de desresponsabilização e que
roça a irresponsabilidade.
Como não surtiu efeito a tentativa de atrelar o PS ao comboio da austeridade empobrecedora, como não
conseguiram pôr o PS a participar nesta farsa de desinformação e contrainformação, nada melhor do que
remeter para o próximo Governo as trapalhadas. Chama-se a isto desresponsabilização, prejudicar a
previsibilidade do sistema, fazendo-o depender de performances maximalistas em 2015. Para muitos, e com
alguma razão, isto já não é um Governo, mas um grupo ou uma trupe de malabaristas.
Aplausos do PS.
Este Orçamento é o corolário da política de descalabro económico, de descalabro social, mas também de
descalabro de uma insensatez e de uma incompetência nunca antes vista num governo de Portugal.
Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as
e Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Já todos
sabemos como terminam estes processos. Disciplinadamente, as bancadas da direita, lamentando a ausência
de parceiros, aprovam o Orçamento. Depois, mais mês menos mês, aí virá um retificativo.
Em vez do quarto, este é o décimo segundo Orçamento desta maioria. O País aguenta, aguenta, mas
enche-se de depressão.
Cada dia em que este Orçamento e este Governo estejam em vigor é mais um dia de aumento da
desconfiança. Dia a dia, a democracia vai perdendo vigor, os populismos avançam.
Quando um Governo está esgotado e esgota Portugal, a responsabilidade do Presidente aumenta. E não é
do futuro do Governo que se começa a tratar, mas do futuro do regime democrático.
Aplausos do PS.
Ao contrário do que parece à primeira vista, hoje há consensos nacionais muito importantes, consensos de
que poucos se excluem. Acontece que os poucos que estão fora do consenso nacional são o Governo e os
partidos que ainda o apoiam.
Quais são esses consensos? Que a estratégia de austeridade expansionista foi um fracasso, que a fuga
massiva de jovens qualificados de Portugal tem de ser revertida, que um futuro Governo tem de substituir a
espinha dobrada pela cabeça erguida, em Portugal e na Europa.
Aplausos do PS.
Que um futuro Governo tem de cumprir a Constituição por convicção e não por obrigação.
Aplausos do PS.
Que a base social e política de um Governo num País em agravada crise, em défice de esperança e
confiança tem de ser ampla e sólida.
É neste contexto de País e democracia em estado de necessidade que se deve colocar a questão do
calendário eleitoral para 2015. Fora de quaisquer interesses mesquinhos, individuais ou partidários, mas
assumindo que, para o regime democrático, faria toda a diferença a disputa de eleições legislativas com tempo
para formar uma solução governativa forte e que devolva a esperança ao País.
Protestos do PSD e do CDS-PP.