I SÉRIE — NÚMERO 40
6
Passados mais de 60 anos sobre a publicação do primeiro Estatuto das Estradas Nacionais, com sete
alterações pelo meio, 15 diplomas dispersos de competências nesta matéria, eis que urge esta atualização de
regras relativas à utilização, à proteção, à segurança, à gestão, à exploração e à conservação da Rede de
Estradas Nacionais.
A complexidade das operações numa estrada nacional e a partilha dessas vivências entre as várias
entidades é da máxima importância e revela-se da maior oportunidade a apresentação deste diploma por parte
do Governo. Repito: quem faz o quê e como. É tão simples quanto isto.
O PSD quer destacar como fundamental neste documento o seguinte: a definição do regime dos bens que
integram o domínio público rodoviário e os que até aqui estavam excluídos; as condições para a constituição
da dominialidade pública, respetivos limites, restabelecimentos e acessos; a alteração do regime das
servidoras rodoviárias; as zonas non aedificandi, visibilidade, limites e regras.
Destacamos também a constituição da área de proteção ao utilizador, os acordos de gestão entre a
administração rodoviária e os municípios, entre outros; os regimes de afetação e de desafetação dos bens do
domínio público pelas caraterísticas de mutação que estas mesmas possuem; o ordenamento e o controlo de
acessos à rede e as obrigações dos proprietários dos prédios confinantes com a zona da estrada.
Merece destaque também o regime de contraordenações aplicável a quem viole as regras e a quem lese o
Estado e, de forma mais particular, a clarificação de regras para a instalação de áreas de serviço e de postos
de abastecimento de combustíveis e de regras da publicidade ao longo das estradas nacionais, temas
controversos ao longo dos anos e que agora temos a oportunidade para revisitar e clarificar em lei ou em
portaria ou na especialidade ao detalhe daquilo que conseguirmos, então, na comissão.
O PSD regista com agrado a apresentação deste diploma por parte do Governo e tudo fará para que nesta
Assembleia da República a lei saia melhorada, com a visão e a participação de todos os partidos políticos.
Estamos cá para isso.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Agora já podem falar todos!
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas,
Transportes e Comunicações, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta matéria parecia ser consensual, por isso estava na
expectativa de que houvesse aqui uma dinâmica mais alternativa do debate, mas já percebi que a oposição
não valoriza esta mesma participação.
Queria começar por felicitar o Sr. Secretário de Estado pelo tema e solicitar que haja aqui abertura para
podermos, em sede de comissão, encontrar algo que me parece fundamental nesta matéria, que é um largo
consenso e a participação de todos.
Faz sentido que um País considerado um dos melhores em termos de malha viária tenha uma legislação
atualizada, simples, com clareza e com segurança jurídica e que cada um dos intervenientes possa saber
exatamente que espaço deve ocupar e quais são as suas obrigações e os seus direitos.
Parece-me bem que estas duas premissas de definir o que é o uso público da infraestrutura rodoviária e o
uso privado do domínio público sejam duas áreas que merecem ser, de facto, repensadas e que haja
clarificação e simplificação jurídicas.
Também me parece que definir melhor o papel do Instituto da Mobilidade e Transportes e da Autoridade da
Mobilidade e dos Transportes é razoável.
Dito isto, gostava de chamar a atenção de que este instrumento melhora algo em que o País tem
conseguido ganhos evidentes, desde logo a fluidez e a segurança nas estradas. Mais do que outras questões,
os critérios de segurança e de fluidez são razoáveis.
Aquilo que é uma relação saudável entre os vários intervenientes, nomeadamente os municípios que fazem
observações — eu não tenho agora tempo para o fazer, mas a Sr.ª Deputada Carina Oliveira apresentou-as
com alguma clareza e de forma bastante completa —, é tentar que os municípios saibam bem o que é que