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I SÉRIE — NÚMERO 42

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orçamentais e a recuperação dos salários poderão reanimar a economia, lançar o investimento e assim criar

emprego.

Aproximamo-nos, por isso, da altura das decisões. O Governo português tem de escolher se continua,

como até aqui, a defender os interesses da finança ou se se junta a quem, na Europa, coloca o futuro da

economia e os interesses dos cidadãos acima da ortodoxia financeira.

A pergunta, por isso, é simples: o Governo português vai continuar a comportar-se como um delegado

comercial de Berlim ou vai aproveitar os sinais de mudança para defender os cidadãos portugueses fustigados

por anos e anos de austeridade, desemprego e emigração?

Sr.as

e Srs. Deputados, a Europa tem de aproveitar a oportunidade entreaberta pela vitória do Syriza e

colocar um ponto final na austeridade, responsável pelo agravar sem paralelo da desigualdade entre os países

europeus e pela crescente disparidade salarial, que coloca já metade da riqueza na mão de 1% da população.

Aproveitar o virar de página começado em Atenas deve ser o compromisso mínimo de todas as forças

progressistas que não se revêm, que não se podem rever, na cegueira da austeridade.

A Sr.ª CecíliaHonório (BE): — Muito bem!

A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Não aproveitar este momento não é apenas uma traição ao espírito de

solidariedade que deveria nortear qualquer união, é não perceber que, depois deste momento, o que estará

em causa não será mais só a economia, mas também o futuro da democracia na Europa.

A Grécia está a fazer o seu caminho para sair da crise. É agora necessário que Portugal tenha a coragem

para fazer o seu.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para fazer perguntas, os Srs. Deputados António Rodrigues, do

PSD, João Oliveira, do PCP, e Vitalino Canas, do PS, tendo a Sr.ª Deputada Catarina Martins informado a

Mesa de que pretende responder individualmente.

Tem, então, a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.

O Sr. AntónioRodrigues (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, agradeço a

intervenção esperada. Não tínhamos dúvidas de que hoje, tal como aconteceu nos últimos dias, o Bloco de

Esquerda faria uma declaração de vitória. Mas a única declaração de vitória que o Bloco de Esquerda

consegue fazer em Portugal é a de vitórias no estrangeiro e dos outros, não consegue nunca esconder a sua

incapacidade de ter razão e de ter uma palavra positiva neste País.

Ouvindo-a falar como representante dos interesses do Syriza em Portugal —…

A Sr.ª MarianaMortágua (BE): — Antes do Syriza do que da Merkel!

O Sr. AntónioRodrigues (PSD): — … ou talvez não, porque a partir de domingo passámos a ouvir muitas

outras vozes tentarem reclamar-se da legitimidade de poder falar em nome de um partido que o próprio Bloco

de Esquerda diz que é o seu partido irmão —, suscitaram-se-me não uma, mas variadíssimas perguntas às

quais gostava de ter resposta. É porque é fácil falar romântica e idealisticamente do que se passa noutros

Estados.

Como é óbvio, estamos satisfeitos porque a democracia funcionou na Grécia e, independentemente de

tudo o mais, sejamos claros, o povo grego escolheu o que quis escolher e ninguém, fora do território grego,

tem de ser pronunciar relativamente a isso; escolheu livremente e por isso está encantado com o resultado

das eleições.

Está tão encantado, e nós próprios tão crédulos, que gostava de lhe perguntar o seguinte: o que dirá o

Bloco de Esquerda se o Syriza não cumprir efetivamente as promessas que fez? Porque não bastam palavras,

é preciso governar! Ninguém governa por decreto, ninguém determina num conselho de ministros

«mudámos!» e, afinal de contas, a mudança aconteceu. É importante concretizar.

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